Freud escreveu um texto por volta de 1929 sobre o que chamou de “O Mal-Estar na Civilização”, que, simplificando, diz que em face da repressão imposta pela sociedade o homem moderno não pode ser feliz. Para conseguir realizar-se o indivíduo precisa encontrar uma forma de controlar as pressões que lhe são impostas pelo meio. Acrescente-se à repressão toda a pressão sofrida pelo ser humano em uma sociedade estressante, insegura, desgastante, competitiva.
Sob tais pressões, a pessoa tende a adquirir alguma das neuroses disponíveis, como a distimia, o mau-humor constante, a depressão, ou as tendências depressivas, que o fazem ver o mundo através de uma ótica pessimista. Tudo está ruim e nada presta. Por mais que a pessoa tomada por tais neuroses obtenha recursos satisfatórios para o seu bem estar, estará reclamando de tudo e de todos, tendendo a apreciar o lado negativo das coisas, a comprazer-se com a queixa, a reclamação, o aborrecimento, o confronto. Ou, em casos de depressão mais séria, ocorre de o indivíduo perder absolutamente a disposição para a vida, tornando-se inoperante, ocioso, apático e infeliz.
Até há bem pouco tempo a psicoterapia e a psicanálise tentavam dar conta de ajudar os indivíduos a superarem essas neuroses (dentre outras), com o amparo, em alguns casos, da psiquiatria com seus medicamentos tradicionais.
Porém, no final do século passado surgiu um novo medicamento que veio revolucionar o tratamento: a fluoxetina, cujo nome de mercado é o Prozac.
O Prozac logo ficou conhecido como “a pílula da felicidade”!
Esse medicamento é de grande ajuda para o tratamento desse tipo de problema (desde. é claro, que tomado mediante prescrição médica, nas dosagens adequadas e pelo tempo que o psiquiatra determinar).
Seus efeitos colaterais, como os que afetam a libido, vêm sendo minimizados com o surgimento de aperfeiçoamentos ou de novos medicamentos, como a paroxetina, o cloridrato de sertralina, o clonazepam (o chamado Rivotril, ótimo para o combate da síndrome de pânico e para a fobia social) dentre outros.
Com freqüência, homens e mulheres que se encontravam inabilitados e inadequados para a vida social, familiar e profissional “voltam a viver” a partir do tratamento com medicamentos das novas famílias dos inibidores seletivos de recaptação da serotonina. Costumam afirmar que esses remédios “os tiraram do buraco”, ou “salvaram suas vidas”, ou “voltarem a lhes dar a alegria de viver”.
Em geral, convém que tais tratamentos medicamentosos sejam acompanhados de psicoterapia, que não só apóiam o tratamento psiquiátrico como também ajudam a pessoa a reorganizar-se para as novas condições de sua psico-fisiologia restaurada. Há pessoas que se afastaram de tudo e de todos, isolaram-se, corromperam absolutamente suas condições de vida e ao se verem com nova disposição existencial precisam de uma ajuda para sua recolocação no mundo.
Hoje as pessoas estão perdendo o medo de procurarem o psiquiatra e o psicólogo (receio de serem tomados ou tachados como loucos), reconhecendo que precisam de ajuda para superar os efeitos das tensas relações e intensas pressões da sociedade moderna.
Para procurar essa ajuda muitos precisam vencer outras resistências, como a de julgarem que usando o remédio “não são eles próprios” que estão agindo, ou de pensarem que ficarão viciados nas drogas ou dependentes dos profissionais da saúde.
Recomenda-se que deixem de lado essas idéias negativas e procurem tratamento, assim como fazem quando pegam uma gripe, adquirem uma dor de cabeça ou sofrem de azia e se utilizam do antigripal, do analgésico, do antiácido: rendam-se ao que a medicina moderna pode oferecer em cápsulas, pílulas, comprimidos, soluções e gotas que melhoram a cada dia e que funcionam como escadas para sairmos do fosso e reencontrarmos a luz do dia.
Os medicamentos não nos falsificam. Pelo contrário, ajudam-nos a voltar à normalidade
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