quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O INCENDIO DE PASSINHO...





Eu nasci em maio de 1955...minha mãe no resguardo, recebe a visita de uma mãe que havia parido há alguns dias, o bebe no braço, e a irmã tomando conta da bolsa do enxoval da criança...na mesma semana, esta visita foi feita ao avô daquele bebe, que era dono de uma fábrica de fogos... nisso há uma explosão e a fábrica voa pelos ares... a senhora morreu na hora, a ajudante escapou, e o bebe foi jogado á metros e ficou espetado numa cerca de varas, porém ferido e vivo...mamãe escutou um grande estrondo e foi informada do sinistro, e relembrou da recente visita... o dono da fabrica, avo do bebe e sogro da falecida, foi torado ao meio e o tronco colocado num carro de trem, e morreu na viagem pra natal.
Mamãe, consternada, pediu para amamentar a criança e o fez... num peito eu mamava, no outro o Djair todo ferido... durante alguns meses, apontava na pele da criança, estilhaços de madeira e arame, que eram delicadamente puxados... DJAIR cresceu e brincou muito comigo, hoje é um senhor casado em Recife.
Nasci na fartura...inclusive de leite... mamãe amamentava os filhos e os filhos das amigas sem leite... tenho muitos irmãos de leite, como Djair. Dai, esta paixão profunda por tudo, este desprendimento, este amor a solidariedade... este sentimento interior e solitário de não se ser nada... A grandeza está na ação, nos gestos, e em que a gente tornou a nossa vida... há dois anos, fui ao Guinza com salete, a mocinha que escapou, que era irmã da que morreu e tia do menino... entre uma taça e outra de vinho, ela relembrou todos os detalhes, e falou que a explosão começou no exato momento, em que ela pôs a sombrinha num local.
O que causava admiração á época, era como seu passinho, somente com o tronco, ainda passou umas horas vivo, dizendo que tratasse dos outros ,que ele estava bem.

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