sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

POESIA DE CORDEL...




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Louro Branco
Antigamente eu fazia
Oito meninos brincando
Agora eu só faço um
Se for de barro amassando,
Com um pedreiro do lado
E seis servente ajudando.
* * *
Adauto Ferreira Lima
Quando o sujeito envelhece
Quase tudo lhe embaraça
Convida a mulher pra cama
Agarra, beija e abraça
Porém só faz duas coisas:
Soltar peido e achar graça.
* * *
Cego Clemente
Colega não vá brigar
Por causa de uma truaca;
Você vai bater num mole
E o mole dana-lhe a faca;
Quem mata se solta logo,
Quem morre toma na jaca.
* * *
Zito Siqueira
Mulher, se lembre das juras
Que fizemos na matriz;
Se esqueça de advogado,
De promotor e juiz;
Se acostume a levar ponta
Pra gente viver feliz.
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Severino Feitosa
Desta luta terá um vencedor
Que eu já posso contar com a vitória
Quem conhece meu verso e minha historia
Sabe o tanto que tenho de valor
Obedeça ao seu mestre por favor
Se comporte direito em minha escola
No gramado do verso eu sou cartola
Dominando quem entra no gramado
No Brasil meu nome é respeitado
O maior repentista da viola.
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Geraldo Amâncio
Entre os Dez Mandamentos dos sermões,
Respeitar pai e mãe é o primeiro,
O defeito de um filho é ser grosseiro;
A virtude dos pais é serem bons.
Todo filho tem três obrigações:
Escutar, respeitar e obedecer;
Respeitar pai e mãe é um dever;
Esquecer mãe e pai é grosseria,
Se não fossem meus pais, eu não teria
O direito sagrado de viver.
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Merlânio Maia
Nasci no Sertão me criei sertanejo
Foi Itaporanga o meu berço querido,
Sou paraibano, meu canto é sentido,
Igual o que sinto, o que ouço, o que vejo,
Nordestinidade é o canto que festejo
Deixando a viola me hipnotizar
Seu canto de encanto fez-me apaixonar
De lá até hoje meu verso é um emblema
Levando o Nordeste dentro de um poema
Trazendo o Sertão para a beira do mar!
Repente, embolada, desafio, poesia,
Os cocos de roda, mazurca e baião,
Forró pé de serra com xote e rojão,
Aboio dolente, ou viola vadia,
Cordel declamado de noite e de dia
Foi a educação do meu pré-escolar
O banco da escola foi pra completar
Pois tudo que eu tenho a poesia me deu
De verso em cascata o meu peito se encheu
Cantando galope na beira do mar!
Por todo o Nordeste cantei com amor
Em Shows, em Congresso e até Cantoria,
As crenças diversas ouviram a poesia
Que trago na alma e derramo aonde for
Inflama-me o peito como o do Condor
Com a força que o verso nasceu pra levar
Com a rima e com a métrica peculiar
Do som tão precioso nascido do povo
Que remoça o velho e dá juízo ao novo
Cantando galope na beira do mar!
* * *
Dedé Monteiro
Quem não quer ficar velho é infeliz
Perde a calma de tudo e não sossega:
Passa o tempo no espelho atrás de prega
Pra depois dar serviço aos bisturis…
Quem remói a idade mas não diz,
Fica velho por dentro sem querer
Tenha fé, deixe a ruga aparecer,
Não se lance de encontro à natureza
Pra findar a viagem sem tristeza,
É preciso saber envelhecer.
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