domingo, 21 de dezembro de 2014

O QUE MAMÃE RECITOU PARA A CRIANÇA QUE EU FUI...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.



          A MINHA MÃE, A PROFESSORA LIA PIMENTEL GOSTAVA DO BELO, DO QUE SÓ SE VER COM A ALMA...

          FUI UMA CRIANÇA QUE CRESCEU VENDO A MÃE TOCAR E RECITAR...
          TOCAVA NO ACORDEON DIARIAMENTE LA CUMPARSITA, UM TANGO ARGENTINO, E LENCINHO BRANCO, OUTRO TANGO, QUE AGORA MARISA MONTE GRAVOU...

          RECITAVA DE COR O POETA PORTUGUÊS GUERRA JUNQUEIRO...
          RECITAVA HUMBERTO DE CAMPOS...
          SE MARAVILHAVA COM AS CRÔNICAS DE ARTUR DA TÁVOLA, ESCUTADAS NA RÁDIO MARINKVEIGA...

          HOJE TUDO  É VELHO, ONDE JÁ FUI NOVO.
          TIVE PAIS,QUINTAIS E PÁSSAROS...
          HOJE O QUINTAL DAS CRIANÇAS É A INTERNET...
          DAÍ ESTA VONTADE IMENSA DE SER A DOR...ESTA OBSSESSÃO PELO PASSADO, ONDE EXISTIA POESIAS E CANÇÕES DE NINAR...ACALANTO...RAIOS DE LUA ENTRANDO PELOS TELHADOS...PAI SUADO VOLTANDO EXAUSTO DO TRABSLHO...

          GUARDO TUDO DENTRO DE MIM...
ONDE SE GUARDA OURO...
NO SENTIMENTO...
NA ALMA...
NO EU PROFUNDO...

          NÃO CONHECÍ A GRANDEZA HUMANA  NA FACULDADE DE MEDICINA,ATÉ POR QUE O PRONTO SOCORRO DESUMANIZA O MÉDICO...
          CONHECI A GRANDEZA HUMANA QUANDO ERA CRIANÇA E ADOECIA, E MINHA MÃE VINHA DE PONTA DE PÉS,ME BUSCAR PARA DORMIR NO SEU QUARTO...
          NA ANGUSTIA QUE MAMÃE ESBOÇAVA NO ROSTO, QUANDO ME VIA COM CRISE DE ASMA BRÔNQUICA...

          QUANDO REPETIU MILHARES DE VEZES AO ESTUDANTE DE MEDICINA QUE FUI:
          MEU FILHO, PRIMEIRO OS POBRES...





SÚPLICA A PAPAI NOEL (Autor desconhecido)

Papai Noel, você que não atrasa
Sua vinda anual que faz à terra,
Vê se faz voltar à casa
O meu pai que foi brigar na guerra...

Você que pode mais que a gente,
Que tem uma força sem igual,
bem podia me dar este presente
Na noite milagrosa do Natal!

Eu tenho o coração feito uma brasa,
nesta hora triste em que rezar eu venho,
Todos tem o seu pai dentro de casa,
Só eu, Papai Noel, é que não tenho!
Ele partiu em uma noite estranha
que da lembrança nunca mais me sai,
Disse que ia lutar lá na Alemanha,
E desde então não vejo o meu papai!
Ele escrevia sempre,
Mamãe lia suas cartas,
baixinho, devagar:
"Eu voltarei breve, ele dizia,
que esta guerra está prestes a acabar."
Depois passaram muitos dias, muitos anos,
Notícia alguma de papai não veio
E mamãe na maior das agonias,
Espera a passagem do carteiro, e nada vinha...
Por fim, com a última batalha,
Só de lembrar o coração me dói...
O correio nos trouxe uma medalha,
Com as quatro letras da palavra HERÓI!
Por que, Papai Noel?
Que invade esta coisa
Que a alma me corrói,
Se os tais heróis não voltam mais à casa,
Será que vale à pena ser HERÓI?
Papai Noel,
Meu santo e bom paizinho:
Meu coração lhe pede sem revolta,
Eu sei que você vai dar um jeitinho
De me mandar o meu papai de volta.
E adormeceu abraçado ao travesseiro,
Sonhando sonhos de venturas mil...
E encontrou, de manhã, nos seus sapatos,
Uma enorme bandeira do Brasil!!!

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