quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
O AVÔ DO MEU AVÔ : MEU NETO
Acalanto para os netos
ALDIR BLANC E CRISTOVÃO BASTOS
Na primeira febre a minha febre quem é quem
Pedindo proteção
Ponho a mão na testa do meu neto e é meu avô
Que está estendendo a mão
Nessa comunhão dos três
Eu sou o avô do meu avô
Ele é o menino ali
E ri das confusões que o grande amor pode fazer
É um milagre essa multiplicação
De mão e febres por buscar ternura
E então, com medo de morrer
A fragilíssima trindade jura
Ficaremos sempre assim por perto
E quando o meu neto tiver neto
Uma febre unindo o que passou dirá pro teu
Oi, meu avô, é por aí
Um piano em Debussy
O morcego e o sapoti
Na praia dos Coqueiros
O avô sou eu numa bicicleta
De canelas finas mexe com as meninas
Explode a trovoada, chuva
Campo e a enxurrada leva a todos nós
Fracionados sim
Mas fusionados rumo ao delta
A queda, o fim, a foz
E uma vez que voltaremos
Numa febre que menino avô terei
Até o filósofo sorri
É o mesmo rio, eu me enganei
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