CARLOS CHAGAS
Um enigma, dentro de um mistério, cercado por uma charada: por que Joaquim Barbosa antecipou sua aposentadoria, prevista no mínimo para novembro?
Imaginava-se que apenas no final do ano, quando terminado seu mandato, o presidente do Supremo Tribunal Federal pediria as contas para não subordinar-se ao seu desafeto, Ricardo Lewandowski, que o sucederia.
Como deixou de aproveitar o prazo vencido em abril para candidatar-se a presidente da República, governador, senador ou deputado, a dúvida é porque se antecipou, surpreendendo todo mundo, a começar pela presidente Dilma Rousseff e o presidente do Congresso, Renan Calheiros, aos quais participou sua decisão na manhã de ontem.
A explicação mais plausível, mas por enquanto especulativa, seria de que aposenta-se por discordar da maioria de seus colegas ministros, a um passo de revogarem a proibição de que os condenados pelo mensalão pudessem trabalhar fora da cadeia. Barbosa entendeu que antes de cumprirem um sexto de suas sentenças, nem os condenados a prisão semiaberta poderiam deixar os presídios. Dura Lex, Sed Lex, foi sua decisão. Na iminência de ser desautorizado pela maioria do plenário da mais alta corte nacional de justiça, teria preferido retirar-se. Dispõe de tempo de serviço para tanto.
Indaga-se, agora, o que fará Joaquim Barbosa. A curto prazo, nada de política, já que perdeu a oportunidade de disputar as eleições de outubro. Poderá advogar, dar aulas de Direito ou dedicar-se a alguma entidade defensora dos direitos civis. Jamais deixou de referir-se à importância de serem extirpados os preconceitos contra a raça negra, à qual pertence.
Há quem conteste a oportunidade da decisão adotada por Joaquim Barbosa. Afinal, às vésperas da copa do mundo, seu gesto será logo esquecido.Seria precisamente esse o seu objetivo?
Num período de convulsões, protestos e manifestações violentas, como este que assola o país, trata-se de mais uma dúvida a ser esclarecida. Melhor dizendo, de um episódio a ser lamentado. No caso, a saída de um dos mais íntegros e competentes juízes de que dispomos.
Tribuna da Imprensa
sábado, 31 de maio de 2014
AMEAÇAS AO MINISITRO JOAQUIM BARBOSA..
O GLOBO
Ameaças precipitaram saída de Barbosa do STF
Pessoas próximas contaram que ameaças e agressões na internet e até em locais públicos o levaram a sair do STF
A decisão do ministro Joaquim Barbosa de antecipar sua saída da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e também da Corte, prevista para o fim do ano, foi precipitada pelas ameaças que ele vem sofrendo, especialmente por causa de sua atuação à frente do julgamento do mensalão do PT. Aos 59 anos, Barbosa deixará o STF no final do mês que vem. Pessoas próximas ao ministro contaram que as ameaças e as agressões sofridas por Barbosa, pela internet e até em locais públicos, o levaram a decidir sair antes do previsto.
— Não se surpreendam se eu largar o Supremo antes das eleições — avisou Barbosa numa dessas conversas, informando que voltaria a dar aulas e a fazer palestras.
Antes do julgamento do mensalão, o ministro frequentava restaurantes e bares em Brasília e no Rio. E continuou a fazê-lo por algum tempo. Tudo mudou nos últimos meses, especialmente após a prisão de mensaleiros. Com a profusão de ameaças nas redes sociais, e o episódio em que foi abordado por um grupo de militantes do PT, ao deixar um restaurante em Brasília, Barbosa se sentiu forçado a mudar seus hábitos.
— Ele passou a evitar locais públicos por medo em relação à sua segurança. Parou de sair — disse um amigo de Barbosa: — Agora, ele está se sentindo aliviado. Ele estava cansado, quer viver a vida. Estava muito patrulhado, se sentia agredido com palavras, com provocações. Me disse: “Tô precisando viver”.
Entrevista Joaquim Barbosa: ‘Faltou visão clara dos interesses nacionais’
Dois dias antes de anunciar sua saída, o presidente do STF recebeu o Globo a Mais para uma conversa sobre futebol e a Copa. Para ele, o governo brasileiro falhou em sua relação com a Fifa ao não estabelecer prioridades e fazer exigências. Barbosa, no tempo de atacante do time da Gráfica do Senado, nos anos 70. “Jogava na frente, caíndo pela esquerda. Era muito rápido”.
Barbosa e negro como o goleiro da Copa de 1950, o presidente do Supremo Tribunal Federal tenta jogar o futebol na desimportância de uma das opções de lazer do seu cotidiano. Às vésperas da Copa do Mundo, a grande paixão nacional ganha o tempero do desencanto no olhar do ex-craque amador (com o autoidentificado pendor da velocidade) Joaquim Barbosa. Dois dias antes de anunciar sua aposentadoria, o titular do maior posto do Judiciário brasileiro mudou de assunto, para falar ao Globo a Mais de Copa e futebol.
Nossa relação com o esporte motivou um lamento, de que o país não invista mais na formação de craques em áreas mais nobres, como a ciência ou a tecnologia. Mas, paradoxalmente, o Mundial vai ser recebido com entusiasmo por ele, que verá Cristiano Ronaldo in loco, graças ao ingresso — comprado, registre-se — para Gana x Portugal, dia 26 de junho.
O ar sério, que os fatos da quinta-feira transformaram em indício da decisão de sair, pontilhou a entrevista de exatos 27 minutos, sobre os sacolejos pré-Copa, a relação dos brasileiros com o esporte e as reminiscências do ex-jogador de times da Gráfica do Senado e da Procuradoria da República. Joaquim, o atacante, gostava de cair pela esquerda, como Neymar, e chutava com os dois pés; Barbosa, o magistrado que virou astro pop, entrou de carrinho na relação que o Brasil se permitiu ter com a Fifa. A entidade dona da bola também apanhou, pela falta de transparência em seus negócios.(…)
A realização da Copa do Mundo é boa ou ruim para o Brasil?Da maneira como ela se apresenta hoje, parece que vai ser bem ruim para a imagem do país, diante de tudo que está sendo noticiado. As pessoas responsáveis não se prepararam como deveriam para um evento desse porte.
A exposição intensa desses problemas, tanto aqui como no exterior, pode levar à formação de uma nova consciência, de cobrança por progressos tão necessários em nossa sociedade?
Pode levar a um nível mais elevado de exigência a autoridades e responsáveis. Porque veja bem, a Copa não é alvo de responsabilidade só dos governos. Há um número bem grande de pessoas encarregadas do evento fora do governo, e elas são corresponsáveis pela desorganização.
A exposição intensa desses problemas, tanto aqui como no exterior, pode levar à formação de uma nova consciência, de cobrança por progressos tão necessários em nossa sociedade?
Pode levar a um nível mais elevado de exigência a autoridades e responsáveis. Porque veja bem, a Copa não é alvo de responsabilidade só dos governos. Há um número bem grande de pessoas encarregadas do evento fora do governo, e elas são corresponsáveis pela desorganização.
Lewandowski representa mudança de estilo no STF
A saída de Joaquim Barbosa da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e sua substituição pelo atual vice-presidente, Ricardo Lewandowski, significará mais que uma troca de comando na Corte. Será também uma troca de estilos, que não raras vezes protagonizaram bate-bocas nas sessões, especialmente durante o julgamento do mensalão.
Lewandowski tem um temperamento mais tranquilo e menos explosivo que Barbosa. As diferenças entre os dois também vêm da atuação profissional antes de se tornarem ministros. Lewandowski começou como advogado e depois se tornou juiz em São Paulo, onde foi ainda desembargador. Barbosa, por outro lado, passou 19 anos no Ministério Público. Enquanto um construiu a carreira defendendo e julgando, o outro a fez principalmente acusando.
RECEITAS DO SUCESSO...ABÍLIO DINIZ.
Abílio Diniz (começou como “filho do padeiro”)
Acreditar em vocês mesmos. Obama: “yes, we can”
Paixão pelo Brasil.
Diferencial: proposito maior (o que aconteceria se a minha empresa deixasse de existir?), gestão (gente e processo, processo e gente, pessoas certas nos lugares certos e processos claros e eficientes), cultura (centrada nas pessoas = gente motivada), liderança (não se trata de carisma, pode ser anônimo, mas é aquele que consegue tirar dos seus liderados o melhor para o benefício coletivo).
Capitalismo consciente (beyond the profit).
Processos claros e eficientes: a sua falta gera reuniões. Reuniões é para quem não sabe o que tem de fazer e quer dividir responsabilidades.
A equipe precisa compartilhar valores. Humildade (não se sabe tudo e sempre pode ser aprender, respeitar as pessoas). Determinação e garra. Disciplina (é um valor e uma ferramenta). Equilíbrio emocional (temos de manter o equilíbrio entre nossos papéis e atividades).
Pilares: atividade física, alimentação saudável, controle do stress (não existe vida sem stress, mas temos de refletir sobre o que nos irrita, o que nos alegra, para lidar como o stress. O que é realmente importante? O que for importante é o que merece seu stress), auto conhecimento, amor (é o que move a vida. Amor não só pelas pessoas, mas pelo o que você faz, pelas pequenas coisas da vida. Ter metas ousadas, mas saber aproveitar o que temos), espiritualidade e fé.
Nunca encontrei nada fácil na minha vida. Muita inspiração, mas uma enorme dose de transpiração. Querer aprender é crescer. Questionem o impossível, mas cuidado com os excessos, a teimosia burra.
A melhor pergunta da plateia: o que você diria a um empreendedor que tem de deixar sua empresa?
A resposta veio com emoção. “Nunca imaginei que passar o controle implicaria ter de deixar a empresa. Isso pegou forte. Não sou de pedra. Sou emocional, graças a Deus. Pegou, mas não durou muito tempo. O que eu vou deixar? Uma empresa de 160 mil funcionários. O verdadeiro Pão de Açúcar é sua cultura e esse DNA é meu. As empresas são resultados do que fazemos, do nosso desejo. BRF tem 108 mil funcionários e eu estou levando meu DNA para lá, a cultura de dono. As pessoas tem de se sentir donas da empresa que trabalham.”
CASSIMIRO DE ABREU E CHICO BUARQUE: SAUDADES DA INFÃNCIA...
Meus Oito Anos
Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Como são belos os dias
Do despontar da existência !
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor !
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !
Oh ! dias da minha infância !
Oh ! meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã !
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis !
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar !
.........................................................................................
Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Doze Anos
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque
Ai, que saudades que eu tenho
Dos meus doze anos
Que saudade ingrata
Dar banda por aí
Fazendo grandes planos
E chutando lata
Trocando figurinha
Matando passarinho
Colecionando minhoca
Jogando muito botão
Rodopiando pião
Fazendo troca-troca
Ai, que saudades que eu tenho
Duma travessura
Um futebol de rua
Sair pulando muro
Olhando fechadura
E vendo mulher nua
Comendo fruta no pé
Chupando picolé
Pé-de-moleque, paçoca
E disputando troféu
Guerra de pipa no céu
Concurso de pipoca
COISAS DOS HOMENS...E COISAS DE DEUS...
A Fábrica de Queijos
Num reino muito distante um sábio teve muitas ideias e criou uma gigantesca geringonça que gerava um produto de cor branca, poroso, esférico- visto de cima pra baixo ou de baixo pra cima- e retangular- visto qualquer um dos lados.
Ao degustar o produto o sábio logo viu que poderia fazer uso dessa, agora, Fábrica: acertou de primeira. Fez várias fábricas e as doou a todas as Província, onde foi possível chegar. Em troca pediu nove dízimas de toda a produção.
Sendo o produto podia continuar sem nome , o sábio lançou um concurso para escolha de um nome. Entre tantas sugestões: apareceu “queijo” e este concorrente não ganhou pelo termo sugerido e sim pela justificativa de escolha. Explicou que “queijo” rima “beijo” e ambos provocam sensações de prazer, com iniciação oral . Foi tiro e queda! Ao ouvir a explicação o sábio não teve dúvida, acatou a sugestão o determinando, imediatamente, vencedor do concurso! Além disso, o convidou para ajudar a divulgar a Fábrica de Queijos em províncias interessadas e em troca teria meia dízima de suas nove.
Foi um sucesso a distribuição das Fábricas de Queijos. Todos se projetavam ao futuro se imaginavam ricos como, já estava, o sábio.
Com o passar dos dias, o aumento da produção era visível, entretanto, as províncias começaram a guerrear internamente, por conta da divisão de sua dízima restante, que era o lucro da província.
O sábio, se sentindo responsável por todo o transtorno e as mortes- motivadas pelo aumento de produção, se obrigou a pensar uma solução para o problema.
Sem demora relevante, ocorreu, ao Sábio, a solução: este escolheu um responsável, de sua inteira confiança, para dirigir a Fábrica de Queijos. Sendo um Diretor Geral para cada Província.
Tudo correu na maior naturalidade, por um certo tempo, mas a escolha ( sempre vinda do sábio) deu origem a outro problema: operários e moradores queriam, eles próprios, fazerem suas escolhas, de diretor, assim como apontar candidatos à função mor.
O sábio relutou por “muitos tempos”, mas devido à pressões externas e internas, resolveu ceder.
Então tudo se deu como queriam moradores e operários. Eles próprios passaram a fazer suas escolhas. Tudo assinado e registrado em cartório. E a cada dois tempos escolhiam um novo Diretor Geral, que tinha como principais funções oligárquicas- outorgadas: responsabilidade pela produção, envio das nove dízimas do sábio e a partilha da dízima sobejante, em partes iguais, entre os moradores de sua Província e operários da Fábrica.
Logo ocorreu o inevitável: alguns moradores e operários ficaram sabidos e passaram a clonar Fábricas de Queijo.
O Diretor Geral, escolhido, democraticamente, por moradores e operários e produtores, não podendo impedir a multiplicação das fábricas, também se pôs pensar.
Reuniram-se todos os Diretores Gerais Provinciais, numa província distante, pensaram juntos e outorgaram a si mesmos o direito em parte do lucro, afinal as fábricas funcionavam, livremente, em território Provincial, que estava sob seu comando.
Ficou então determinado, assinado e registrado em cartório, que cada morador da província, independente de sua função nas Fábricas originais e clonadas, espalhadas pelo território ( ou meros comedores de queijos), deveriam repassar quatro dízimas ao Diretor Geral e uma dízima, esta opcional, ao que reza pela paz e prosperidade de todos.
Os provincianos aceitaram a Ordem-Mor . Passaram a fazer, sem qualquer questionamento, o envio rigoroso de quatro dízimas ao Diretor Geral e da dízima aos rezadores, salvo alguns rebeldes e ingratos, que recusavam devolução opcional.
Agora vou lhes contar a história da Fábrica de Sonhos.
A Fábrica de Sonhos
Esta fora criada em razão das necessidades da Fábrica de Queijos, a pedido dos proprietários. Pensada e moldada para preparar crianças e jovens para o ingresso nos trabalhos de produção.
Alguns são convidados, pela própria Fábrica de Sonhos, a se retirarem dela. A Fábrica não comporta alguns perfis. Esses também são rejeitados pela Fabrica de Queijos. Terminam guardando seus sonhos numa gaveta da vida. E, sem sonho e sem queijo, sobrevivem de migalhas que sobejam de alguns moradores, operários e produtores.
Outros vencem a Etapa- Fábrica de Sonhos- ingressam nas Fábricas de Queijo, depois de liberados e certificados e rotulados -bons operários – esses até chegam a participar de boa parte dos lucros, prosperam e vivem felizes para sempre.
Há também o grupo dos que passam pela Fábrica de Sonhos e pela Fábrica de Queijos, saem com um acumulado de sonhos e o “viver feliz para sempre” não lhe é incentivo… Se recusam a participar da “livre” escolha do Diretor Geral, criticam, escolhidos, escolhedores, rejeitados e perdedores, zombam de Deus e do Diabo! Vivem a vender suas idéias, e se auto-intitulam: “LIVRES.”
Contam pelas bandas provinciais que, até os dias de hoje, os Diretores Gerais recebem, rigorosamente, quatro dízimas (mais e menos) de cada morador de sua província, independendo de: quantitativo de produção, passagem pela Fábrica de Sonhos, titulação, aptidão, raça, etnia, credo, opção sexual, ideologia. Inclusos, obviamente, os “LIVRES”.
MARIZA LIMA.
A POESIA DE SHAKESPEARE...
Soneto 18/ Sonnet XVIII
22/07/2009
Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.
Ás vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.
Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:
Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.
Ás vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.
Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:
Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.
sexta-feira, 30 de maio de 2014
TODA VEZ QUE UM JUSTO GRITA, UM CARRASCO O VEM CALAR...
TEMA DE OS INCONFIDENTES...
CECÍLIA MEIRELES.
Toda vez que um justo grita
Um carrasco o vem calar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Foi trabalhar para todos
E vede o que lhe acontece
Daqueles a quem servia
Já nenhum mais o conhece
Quando a desgraça é profunda
Que amigo se compadece?
Foi trabalhar para todos
Mas, por ele, quem trabalha?
Tombado fica seu corpo
Nessa esquisita batalha
Suas ações e seu nome
Por onde a glória os espalha?
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Que reformava este mundo
De cima da montaria
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Ele na frente falava
E atrás a sorte corria
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Liberdade ainda que tarde
Nos prometia
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
No entanto à sua passagem
Tudo era como alegria
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Liberdade ainda que tarde
Nos prometia
Toda vez que um justo grita
Um carrasco o vem calar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Um carrasco o vem calar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Foi trabalhar para todos
E vede o que lhe acontece
Daqueles a quem servia
Já nenhum mais o conhece
Quando a desgraça é profunda
Que amigo se compadece?
Foi trabalhar para todos
Mas, por ele, quem trabalha?
Tombado fica seu corpo
Nessa esquisita batalha
Suas ações e seu nome
Por onde a glória os espalha?
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Que reformava este mundo
De cima da montaria
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Ele na frente falava
E atrás a sorte corria
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Liberdade ainda que tarde
Nos prometia
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
No entanto à sua passagem
Tudo era como alegria
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Liberdade ainda que tarde
Nos prometia
Toda vez que um justo grita
Um carrasco o vem calar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
OS PRIMEIROS INDÍCIOS DO ROUBO...10 DE DEZEMBRO DE 2010...
10 de dezembro de 2010
JÁ SOMOS OS CAMPEÕES MUNDIAIS
O Ministério Público Federal já tem resultados das primeiras fiscalizações feitas em obras necessárias para a infra-estrutura da Copa 2014. Ainda não há dados totais sobre o montante a ser investido no evento, mas os procuradores da República já identificaram obras com superfaturamentos de até R$ 85 milhões.
* * *
Vamos repetir o que está escrito nesta nota: “primeiras fiscalizações“. Isto mesmo: estamos perto dos 100 milhões em ladroagem com as obras para a Copa de 2014 apenas nas checagens iniciais. E somente em algumas obras.
É pena que o excelente trabalho do Ministério Público não vá dar em nada. Lembram-se da roubalheira das Olimpíadas no Rio de Janeiro? Pois é. Até hoje esperamos deitados a punição dos ladrões. (Como prêmio de consolação, restou apenas aquela histórica vaia que Lula levou no Maracanã…)
Aguardem que o festival de números representativos da corrupção da Copa 2014 vai ser algo piramidal. Neste item, a taça já é nossa. Algo bem Brasil.
Como nunca antes neste país! ! !
A POESIA DE GUERRA JUNQUEIRO...
CARIDADE E JUSTIÇA
Guerra Junqueiro
No topo do Calvário erguia-se uma cruz,
pregado sobre ela o corpo de Jesus.
Noite sinistra e má. Nuvens esverdeadas
corriam pelo ar como grandes manadas de búfalos.
E a lua ensangüentada e fria,
como um soluço imenso de Maria,
lançava sobre as coisas naturais
a merencória luz, cheia de brancos ais.
As árvores que outrora, em dias de calor,
abrigaram Jesus, cheias de mágoa e dor,
choravam na mudez hercúlea dos heróis,
deixaram de cantar todos os rouxinóis.
Num momento em que havia grande escuridão,
Cristo sentiu alguém se aproximar. Então, olhou
e viu surgir no horror das trevas mudas
o covarde perfil sacrílego de Judas.
O traidor contemplando o olhar do Nazareno,
tão cheio de desdém, tão nobre e tão sereno,
convulso de terror, fugiu.
Mas nesse instante surgiu-lhe frente a frente um
vulto de gigante que bradou :- É chegado enfim
o teu castigo !
O traidor teve medo e balbuciou :
- O que pretendes de mim ? Quem és tu ?
- O Remorso. O grande caçador de feras ...
Judas Iscariotes, como um negro que vê
a ponta dum chicote, tremia.
Levando a mão à bolsa, tirou o saco de
dinheiro, dizendo: - Aqui tens. Deixa-me partir.
O gigante o fitou e começou a rir.
Finalmente o vulto respondeu :
- Guarda esse dinheiro. É teu.
- O ouro da traição pertence ao traidor,
como o riso à inocência, e como o aroma à flor.
- És traidor, assassino, hipócrita e perjuro.
- A tua alma lançada em cima de um monturo
faria nódoa. És livre. Adeus.
- Já brilha o astro matutino e eu caçador
feroz, cumprindo o meu destino,
continuarei procurando os javalis nos matos.
E, dito isso, partiu a procurar Pilatos.
Judas ficando só, meteu-se pela estrada
caminhando ligeiro, impávido e terrível,
como um homem que leva um fim indescritível.
De-repente estacou. Havia uma figueira.
Judas desenrolou a corda da cintura,
subiu acima, atou-a num ramo vigoroso
e deu um laço na garganta.
Nisto ouviu a voz de Jesus moribundo,
que lhe disse: - Traidor, concedo-te o perdão,
apesar de meu carrasco, és ainda meu irmão.
Pregaste-me na cruz, mas é o mesmo. Fica em paz,
eu costumo esquecer o mal que alguém me faz.
- Tenho até prazer, bem vês, no sacrifício.
Não te cause remorso o meu atroz suplício.
Esses golpes cruéis; essas horríveis dores
e as minhas chagas são outras tantas flores .
Judas fitou ao longe os cerros do Calvário,
erguendo-se, viril, soberbo, extraordinário,
exclamou : - Não aceito a tua compaixão.
A justiça dos bons consiste no perdão.
- Um justo não perdoa. A justiça é implacável.
- A minha ação é infame, hedionda, miserável.
- Preguei-te nesta cruz; vendi-te aos fariseus.
- Pois bem, sendo eu um monstro e sendo tu um Deus,
vais ver como este monstro oh, pobre Cristo nu,
é mais justo do que Deus e mais forte do que tu.
- À tua caridade humanitária e doce, prefiro
o dever terrível... E enforcou-se.
quinta-feira, 29 de maio de 2014
DESEJANDO A CASA DAS PRIMAS...UMA CRÔNICA DE BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.
Estou na quinta dos três bicos...um recanto que eu tenho no agreste,entre o litoral e o sertão,para curtir a minha solidão e intelectualidade...
A intelectualidade é uma prática diferente,precisa de silencio,precisa de um remanso, é cara...
Aqui, escuto o silencio de tudo que soa,na alma e na natureza, ...pardais cantam sua sinfonia, é um coral de pássaros durante o dia...á noite os pássaro se calam, as moças soltam os cabelos, com os bichos que neles existem,mas que vivem presos durante o dia... Agora, afora o silencio profundo,escuto um som baixo muito longe, que diz:que vai pra casa das primas,que lá é muito bom,por que fica uma de lado e a outra em cima...ótimo...Na vida de todo homem existe a história de uma prima...
Deve ser muito bom, uma casa com duas primas,que fica uma em baixo e outra em cima...
Todo homem precisa sonhar, desintoxicar o espírito,para não viver, como se viver fosse existir...não ser um defunto vivo.
Conseguí tirar todas as censuras da minha vida...basta as censuras da alma que a vida lhe impõe,e lhe aprisiona o espírito...
Basta o destino, este sujeito inexorável,que um DIA lhe tira tudo, inclusive a vida.Quem quiser que passe a vida fingindo,eu só faço viver... Do meu lado,exalando bastante prazer,três amigos queridos,TITO,BACO, e DALILA,um labrador e dois pastores suíços...já ratificaram o amor que sentem por mim,estão agora estirados no chão,ao meu lado, á postos.
Como os Animais são inteligentes e amigos...até sorriram, enquanto conversávamos...eu falo o idioma dos cachorros, eles entendem tudo,eles entendem como soam, as minhas palavras e os meus gestos...
Em Santo António,onde uma onça pulou de uma pedra pra outra,na margem do Rio Jacú,temos um sol bastante forte,refletindo de azul, a água da piscina,e dizendo que um vinho tinto desentope a vida, da angústia e dos trombos ...vou já mergulhar, ao som de Vinicius de Moraes,cantando que são demais os perigos desta vida,quando se tem paixões...e paixões literalmente por tudo, é o máximo de viver.
Desejo um bom domingo para todos,muita alegria,e para os que estão tristes, me despeço com BADEN POWELL:
SE TODOS OS TRISTES QUISEREM JUNTOS, TODA A TRISTEZA VAI SE ACABAR...
Mil beijos, para todos.
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