terça-feira, 15 de outubro de 2013

SOBRE CASCUDINHO...

CÂMARA CASCUDO

Retrato de Luis da Câmara Cascudo pintado por Alice Brandão
Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) é um dos mais respeitados pesquisadores do folclore e da etnografia no Brasil. Passou toda a sua vida em Natale dedicou-se ao estudo da cultura brasileira.
O conjunto da obra de Luís da Câmara Cascudo é considerável em quantidade e qualidade: ele escreveu 31 livros e 9 plaquetas sobre o folclore brasileiro, em um total de 8.533 páginas, o que o coloca entre os intelectuais brasileiros que mais produziram. É também notável que tenha obtido reconhecimento nacional e internacional publicando e vivendo distante dos centros Rio e São Paulo.
Uma pequena amostra do bom humor e do pensamento de Cascudo:
“Faço questão de ser tratado por esse vocábulo que tanto amei: professor. Os jornais, na melhor ou na pior das intenções, me chamam folclorista. Folclorista é a puta que os pariu. Eu sou um professor. Até hoje minha casa é cheia de rapazes me perguntando, me consultando.”
“O vício da literatura grego-latina vacinou-me contra as ditaduras mentais contemporâneas.”
“O Brasil não tem problemas, só soluções adiadas.”
“De 1920 a 1926, quantos tipos de rapazes e meninas ensinaram-me muito mais do que aprenderam comigo.”
“Amizade é amor sem sexo.”
“Domingo, 21 de abril, 39o aniversário do meu casamento. Ao despertar, a noiva de 1929 desaparecera. Fora assistir à missa na capela do Hospital. De regresso, beijos, abraços, congratulações. Dália declara não estar arrependida e me confesso capaz de reincidência com a mesma vítima.”
“É o cinema em casa, o mundo em casa. É o tapete mágico de Aladim, em que você viaja sem sair do lugar. Tem função deturpadora, e não orientadora ou elevadora. Mas para os velhos surdos, meio cegos e jumentos como eu, aos 83 anos, é a vida. Para quem não chega à janela, não lê jornais como eu, a televisão é minha vida, a minha viagem.”
“Não me interessei por nada no mundo. Daí a minha fidelidade mental ao meu trabalho. Sou um brasileiro feliz, diz Diógenes. Vivia minha vida e não a vida indicada pelos outros. Não fui o que quiseram, fui o que senti, a volição de ser. Hoje, sou um resto de idade, estou fora do ar, tenhos dias eufóricos, compreendeu? O trabalho para mim não era maldição. Era como o trabalho gostoso de fazer um filho. Prazer.”
“Não se assombre, em Natal eu sou o único pecador profissional. Os outros são amadores.”
“Meu pai dizia que a rede fazia parte da família. A rede colabora no movimento dos sonhos.”
“A recompensa do trabalho é a alegria de realizá-lo. Quando termino um trabalho, estou pago.”
“Sou um homem que não desanimou de viver e acho a vida cheia de encantos.”
“Eu sou apenas uma célula, uma pequenina célula que procura ser útil na fidelidade da função.”
“Sou um homem mais de fé do que de culto. Posso recusar a extrema-unção, vou me entender pessoalmente com Deus.”
“Foi apresentado a um figurão da diplomacia, no Itamaraty.
- Luís da Câmara Cascudo, Câmara Cascudo… parece que já ouvi falar no seu nome.
- O senhor é muito mais feliz do que eu. Estou absolutamente certo de que nunca ouvi falar no seu.”

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