sábado, 8 de janeiro de 2011
TEM DÚVIDAS? VEJA NO AURÉLIO...
Aurélio Buarque de Holanda
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira [1910-1989] nasceu no norte de Alagoas, na pequena Passo de Camaragibe. Quando jovem, morando em Maceió, iniciou a sua vida profissional como professor de português. Na década de trinta foi estudar direito em Recife, onde se bacharelou.
Em Recife estudou com quatro alagoanos que se tornaram amigos de toda a vida: Aloysio Branco, Antonio de Freitas Cavalcanti, José Moraes da Silva Rocha e Mário Gomes de Barros Rêgo.
Bacharel em direito, não atuou como advogado. Dedicou-se ao magistério tanto como professor primário quanto como professor de literatura portuguesa e francesa. Trabalhou ainda como funcionário público municipal em várias funções, desde Oficial de Gabinete do prefeito Edgar de Góes Monteiro até Diretor da Biblioteca Municipal e, cumulativamente, ocupou a função de diretor do Departamento de Estatística e Publicidade da prefeitura de Maceió, em substituição a Rui Palmeira.
Mestre Aurélio fez parte de uma geração de grandes intelectuais nascidos em Alagoas, como Alberto Passos Guimarães, Valdemar Cavalcanti, Humberto Bastos, Jorge de Lima, Aloysio Branco, Carlos Paurilio, Manuel Diegues Júnior, Mário Brandão, Rui Palmeira, Raul Lima e Théo Brandão.
Acrescente-se a essa relação Graciliano Ramos, o mais velho entre eles, e os aqui residentes Raquel de Queiros, José Lins do Rego e Tomás Santa Rosa, cearense e paraibanos, respectivamente.
A vida de mestre Aurélio em Maceió e no Rio de Janeiro esteve sempre envolvida com a língua portuguesa, seja ensinando, ou como revisor de livros e jornais, seja traduzindo de línguas estrangeiras para o português, ou escrevendo contos e pesquisando.
O saber popular ajudou o mestre a criar tantas palavras e verbetes. Vivia anotando tudo, principalmente a gíria cotidiana do povo. O dicionário Aurélio foi responsável por democratizar e desmitificar nossa língua, assimilando palavras de uso coloquial e do cotidiano até então ignoradas pelas pesquisas lexicográficas.
Em 1975, o Novo Dicionário da Língua Portuguesa – sua principal obra − foi lançado. A partir desse momento tornou-se o livro mais vendido no Brasil, fazendo de Aurélio sinônimo de dicionário.
Mas quem pensa ou pensava que a vida dessa figura era de clausura, está ou esteve enganado. Um novo Aurélio sempre deixou a mesa de trabalho para sentar em outra: a da boemia. Aquele homem aparentemente circunspeto desde jovem, era conhecido como boêmio na Maceió provinciana das primeiras décadas do século XX.
Na capital alagoana, muitos amigos da época de juventude se tornaram parceiros nas rodas literárias e/ou de boemia. A maior parte da sua vida foi vivida na cidade do Rio de Janeiro, mas quando vinha passar férias em Alagoas era inevitável entrar na boemia.
Aurélio reunia-se com o jornalista Arnoldo Jambo, o teatrólogo Bráulio Leite Júnior, o poeta Carlos Moliterno, o cronista e político Teotônio Vilela, o industrial Napoleão Moreira, o escritor Emer Vasconcelos, a poeta e atriz Anilda Leão, dentre outros.
Esses encontros literorrecreativos ocorriam em residências de amigos ou nos bares, como o antigo Bar das Ostras, no banho da Bica da Pedra ou apreciando a lagoa Mundaú, bebericando no Pontal da Barra.
As honrarias e o reconhecimento em vida aconteceram e foram muitos, mas a maneira simples de viver e de encarar a vida o imortalizou. As academias − brasileira, alagoana de Letras e a brasileira de filologia e outras instituições a que pertenceu − não foram mais importantes do que o reconhecimento popular.
A imorredoura consagração aconteceu naturalmente fruto do valor de sua obra, sem que houvesse qualquer campanha de marketing. O reconhecimento popular de um trabalhador intelectual no Brasil não é tão comum assim. Aurélio conseguiu.
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