quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Na Quinta dos Três bicos...

Hoje acordei com o galo cantando...cantou insistentemente...Nunca mais tinha escutado um galo cantar.Estou na minha Arcádia,na Quinta dos três bicos...na margem do Rio Jacú,em Santo António do Salto da Onça...Aqui, um dia,comprei um terreno á José do Carmo,cerquei-o e construí uma casa,a casa dos sonhos,a casa do sol nascente.Aqui foi a infância dos meus filhos, moramos dez anos apenas, mas foram longos os nosso dias...e, tudo que se sonhou se tornou realidade...Me sinto bem dentro dos meus muros...talvez seja a minha Casa de Matacavalos, de Machado de Assis.
Trabalhei dez anos em Santo António...fiz muito pela cidade, que tinha o melhor pronto socorro da região,construí Pronto socorro novo, trouxe o Raio X,,,por aqui muitos médicos que hoje pontificam,receberam muitos conhecimentos,básicos e importantes...morava na cidade,vizinho ao hospital.
Apesar de ter dedicado dez anos de vida a esta cidade,Nunca fui contemplado com o Título de cidadào Santoantoniense...que no fundo me faltava...ví, todos os gerentes de Banco,mesmo os que passavam três meses, receberem á título de bajulação e de troca de favores...Hoje, Não quero e nem recebo mais...aprendí a viver longe das coisas Falsas...a falsidade já não me dá alegria...amadurecí... mas precisava falar isto...é parte da minha auto terapia...somente a verdade...
A CASA DO SOL NASCENTE é monástica...um silencio criador...é a minha Arcádia, se lembrem do Arcadismo.
Passo a manhã na piscina, tomo um bom vinho tinto,rio do mundo, sorrio para o tempo que passou...olho para a direita e sinto o cheiro de Nova Cruz, pelo cheiro identifico o meu berço Gerdau,vejo o céu com detalhes e converso com Deus, entro no meu escritório e encontro a paz...Os meus pastores suíços riem de gargalhar!
Post. scrip:A Quinta dos tres bicos é a residencia oficial dos Pimentéis, nos Algarves,Portugal,segundo fala Cãmara Cascudo, no livro das velhas Figuras...
Gracinha desabafou chateada, que os cachorros comeram um Kilo de Queijo de manteiga fresco e o pão, o nosso café...eu repondí,manda comprar outro...eu acho é pouco, e sorrí.
Quando tudo está bem, o marido beija a mulher, a mulher cheira o menino, e o menino bota leite pro gato...
Quando tudo vai Mal, o marido grita a mulher,a mulher dá no menino, e o menino chuta o cachorro.


A CASA DE MATACAVALOS... MACHADO DE ASSIS.


Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vá lá. Um dia, há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Mata-cavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. Construtor e pintor entenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmo prédio assobradado, três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. Na principal destas, a pintura do tecto e das paredes é mais ou menos igual, umas grinaldas de flores miúdas e grandes pássaros que as tomam nos blocos, de espaço a espaço. Nos quatro cantos do tecto as figuras das estações, e ao centro das paredes os medalhões de César, Augusto, Nero e Massinissa, com os nomes por baixo… Não alcanço a razão de tais personagens. Quando fomos para a casa de Mata-cavalos, já ela estava assim decorada; vinha do decênio anterior. Naturalmente era gosto do tempo meter sabor clássico e figuras antigas em pinturas americanas. O mais é também análogo e parecido. Tenho chacarinha, flores, legume, uma casuarina, um poço e lavadouro. Uso louça velha e mobília velha. Enfim, agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que é pacata, com a exterior, que é ruidosa.
O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo.

OBS. DESDE O CURSO GINASIAL QUE ADMIRO ESTE TEXTO... É A CONSTATAÇÃO DE QUE NINGÚEM VOLTA AO QUE ACABOU...
AS VEZES, TEMOS SAUDADES DEMAIS DE OUTRO TEMPO, OUTRA VIDA, OUTRAS CIRCUNSTANCIAS... SE PUDÉSSEMOS RETORNARÍAMOS AO QUE ACABOU, E COM CERTEZA CHEGARÍAMOS ÁS CONCLUSÕES DO NOSSO ESCRITOR... FALTARIA A GENTE MESMO, E ESTA LACUNA SERIA TUDO. SE NA INFANCIA EU TINHAS LADEIRAS PARA CORRER, MAS TINHA TAMBÉM OUTRAS PERNAS...

Um comentário:

  1. Ano, estou aqui morrendo de rir, imaginando mamãe esbravejando que os cachorros comeram o café e o jantar de vcs!!!!! E que não vai comprar nada, com óoooodio!!!kkkkkkkkk.

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