segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
LIRA POPULAR...
* * *
Geraldo Amâncio e Moacir Laurentino trabalhando o tema “Adeus, até outro dia”
Geraldo Amâncio
Como espetáculo circense
tem trapézio e tem de tudo
cantoria tem estudo
tem cantador cearense,
inspiração em suspense
pra platéia que aprecia
terminando a cantoria
pra o povo da vizinhança
faço o pedido de França
Adeus até outro dia
Moacir Laurentino
A água, o mar e o sol
o crustáceo na areia,
o índio lá na aldeia,
que é muito natural
a festa está no final
cantar ainda eu queria
os versos com melodia
das nossas duas gargantas
obrigado a José Dantas
Adeus até outro dia
Geraldo Amâncio
Obrigado minha gente
muito obrigado meu povo
querendo eu volto de novo
pra cantar nesse ambiente
trazendo esse meu repente
com voz, som e melodia
terminou a cantoria
e eu faço o último improviso
fecho a porta do juízo
Adeus até outro dia.
* * *
Sebastião Dias e Geraldo Amâncio glosando o mote:
Tem muito o que se contar
De uma casa abandonada
Sebastião Dias
Solidão apavorante
No centro da noite pasma
Gargalhada de fantasma
Que arrepia o visitante
Gira uma sombra ambulante
Consigo mesma assombrada
Grito de alma penada
Pedindo pra se salvar
Tem muito o que se contar
De uma casa abandonada.
Geraldo Amâncio
Quem vai ali perde a calma
O sobrosso lhe acompanha
Escuta uma voz estranha
Ouve gente bater palma
Tem impressão que uma alma
Nessa casa é hospedada
Gritando de madrugada
Mandando a dona voltar
Tem muito o que se contar
De uma casa abandonada.
* * *
Rogério Menezes e Raimundo Caetano glosando o mote:
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Raimundo Caetano
O cariri escaldante
Vai gelando lentamente
O sol já não é tão quente
Das três da tarde em diante
Entre as lamas da vazante
Se estira o capim verdão
Deus usa um pincel na mão
Pinta o sertão d’outra cor
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Rogério Menezes
Antes do fim de janeiro
O sertanejo chorou
Parece que se trancou
Nas portas do desespero
Mas o relâmpago maneiro
E a zoada do trovão
Foi Deus abrindo o portão
Da casa do lavrador
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Raimundo Caetano
O campo solta o extrato
Com os milagres da chuva
Embriagando a saúva
Deus muda as cores do mato
O sussurro do regato
Faz cócegas na audição
E supera qualquer canção
Cantada em voz de tenor
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Rogério Menezes
Quando a terra está molhada
O sertão é bom pra o povo
Parece que Deus de novo
Vem ver sua filharada
A terra ficando arada
No jeito da plantação
Carreiro mete o ferrão
No boi de cultivador
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Raimundo Caetano
Pega cantar a biqueira
E a canção não incomoda
A água canta uma moda
Na queda da cachoeira
Trator de arado e esteira
Cortando e arando o chão
Pra quem não tem condição
O boi serve de trator
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Rogério Menezes
Vendo o sertão colorir
Nossa alegria é imensa
Da trovão que a gente pensa
Que até o céu vai cair
E o povo pega a sentir
Que não tem mais precisão
De diretor de nação
Prefeito e governador
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Raimundo Caetano
Brada o trovão compassado
O sertão nasce de novo
Tem mais comida pra o povo
Sobra pastagem pro gado
A face do chão queimado
Deus agoa com a mão
Não precisa irrigação
Nem usar bomba a motor
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Rogério Menezes
Já tem água no barreiro
Já tem peixe no açude
O povo tá com saúde
Vendo os bichos no terreiro
Moita de feijão ligeiro
Como uma saia no chão
Milho verde em toda mão
E jerimum de toda cor
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Raimundo Caetano
Vai embora ribanceira
No rio que não se estressa
E até o nambu começa
Apitar na capoeira
Meia noite uma goteira
Pega estalar no salão
Ensopa um ninho no chão
Onde a galinha vai pôr
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Rogério Menezes
As quatro da madrugada
O nevoeiro se rasga
A cachoeira se engasga
Com uma cerca arrancada
Quando aterra tá molhada
Sabiá canta canção
E a cantiga do carão
É um hino de um pastor
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Raimundo Caetano
Vai embora a escassez
Desaparece o inferno
O campo muda de terno
O sertão tem voz e vez
Nessa hora o camponês
Inicia uma oração
Planta o joelho no chão
E agradece ao Criador
A chuva alivia a dor
Dos que sofrem no sertão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário