sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A CRIAÇÃO DA POESIA...



A CRIAÇÃO – Arlindo Lopes (Pirraia)


No princípio Deus criou
A viola e o poeta
Fez de madeira a viola
Com afinação dileta
E fez Deus onipotente
O poeta do repente
Com inspiração completa.
Logo no primeiro dia
Deus disse: “Que exista o verso”
Surgiu o pé ou a linha
Com seu formato diverso
E além do branco e rimado
Fez do verso improvisado
A grandeza do universo.
Então no segundo dia
Deus disse: “Que exista a rima”
Fez a pobre mais abaixo
Fez a rica mais acima
E mais alto fez a rara
A rima que se declara
Rima-Mãe da obra-prima.
Chegando o terceiro dia
Deus disse: “Que exista a métrica”
O verso ganhou compasso
Numa cadência simétrica
Ao verso Deus deu contagem
Tirando a sua metragem
Da distância quilométrica.
No quarto dia Deus disse:
“Que exista também a estância”
E a estrofe foi criada
Na mais sublime elegância
Nos seus estilos diversos
A quantidade de versos
Aumentou em abundância.
Começando o quinto dia
Deus disse: “Que exista o mote”
Sendo feito ele brilhou
Mais que a luz de um holofote
E o cantador repentista
Teve o mote realista
Aprimorando seu dote.
No sexto dia Deus disse:
“E que exista a cantoria”
Assim com toda grandeza
Da sua sabedoria
Criou Deus Pai imortal
A forma mais genial
De se fazer poesia.
Mas no sétimo dia Deus
Cansado armou uma rede
E sua mente divina
Pelo verso sentiu sede
No céu Deus fez cantoria
E descansou nesse dia
Ouvindo um Pé-de-Parede.

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