segunda-feira, 17 de junho de 2013

A POESIA DE VINICIUS DE MORAES...



“A mulher que passa

Meu Deus, eu quero a mulher que passa 

Seu dorso frio é um campo de lírios 

Tem sete cores nos seus cabelos 

Sete esperanças na boca fresca! 

Oh! Como é linda, mulher que passas 

Que me sacias e suplicias 

Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia 

Teus sofrimentos, melancolia. 

Teus pelos leves são relva boa 

Fresca e macia. 

Teus belos braços são cisnes mansos 

Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas 

Que vens e passas, que me sacias 

Dentro das noites, dentro dos dias! 

Por que me faltas, se te procuro? 

Por que me odeias quando te juro 

Que te perdia se me encontravas 

E me concontrava se te perdias?

Por que não voltas, mulher que passas? 

Por que não enches a minha vida? 

Por que não voltas, mulher querida 

Sempre perdida, nunca encontrada? 

Por que não voltas à minha vida 

Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus, eu quero a mulher que passa! 

Eu quero-a agora, sem mais demora 

A minha amada mulher que passa!

Que fica e passa, que pacífica 

Que é tanto pura como devassa 

Que boia leve como a cortiça 

E tem raízes como a fumaça.”

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