sábado, 29 de dezembro de 2012

UM POEMA DA VIDA REAL...


buscar a água

criança à beira da estrada

POEMA PARA O FIM DE ANO...

CARLOS AYRES


É… Mais uma vez um ano se finda
E por mais que eu tente, não consigo ainda
Olhar com bons olhos as comemorações
Pois se para uns esse momento é belo
Pra outros! Só magoa desprezo, flagelo.
Em um mundo mísero de desilusões
Enquanto uns, deleitam-se em fartura
Outros só amargam a cruel desventura
E o formalismo da disparidade
Considerado, vadio, delinquente
Levando a vida dura de indigente
Vivendo as margens da sociedade
São meras sequelas de um mundo injusto
Onde a ganância, tenta a todo custo
Mostrar o seu tédio aos desafortunados
Transfigurando-se com seu ódio louco
Tirando tudo de quem já tem pouco
Doando praqueles que são abastados
Numa dessas noites de desesperança
Vi lá num cantinho uma pobre criança
Banhando-se em prantos em pleno abandono
Tentei por instinto, dar-lhe um lenitivo
Procurei saber do pranto o motivo
Disse-me, é a fome que me tira o sono.
A muito não vivo, apenas vegeto.
Sempre ao desabrigo sem ter lar, sem teto.
Sou um infeliz, entre os infelizes.
Sem ter pai, sem mãe, irmãos nem amigos
Vivendo ao relento em busca de abrigos
Nas frias calçadas embaixo as marquises
Habito esse mundo podre e desumano
Apenas tratado como lixo humano
Da nata excluído, vivo entre os plebeus
Não posso ter sonhos, só os pesadelos
Perturbam meu sono causando atropelos
Enfim me pergunto! Sou filho de Deus?
Depois que findou-se o dialogo aberto
Se eu estava em duvidas, agora estou certo
Das falhas constantes da sociedade
Aos que têm de sobra é que valorizam
Porém, sequer olham para os que precisam.
Onde está o senso de fraternidade?
Enquanto não pregam aquela humildade
Vivida por Cristo com sua bondade
Que amava a todos sem ter restrições
Nos finais de ano das festas me privo
Porque não encontro sequer um motivo
Pra que faça jus as comemorações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário