Pedro Luiz Rodrigues
É…, a medir pela vigorosa e uníssona reação dos amigos e aliados do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva – numa espécie de coro de anjos alçados em defesa do líder alcançado por denúncias de mal-feitorias – Marcos Valério (criminoso recentemente sentenciado, juntamente com políticos do PT e da base aliada) ou é um grande mentiroso ou aproximou-se perigosamente da verdade.
Os anjos do PT são todos graúdos, muitos integram a classe dos Serafins, os mais destacados na hierarquia celestial, também conhecidos como ardentes ou de serpentes de fogo. São os mais próximos a Deus e emanam a essência divina no mais alto grau.
A proximidade com o poder máximo fazem dos Serafins entes especiais. A iconografia os representam como guerreiros, nunca como anjos comuns, aqueles de auréola, inocentes e virtuosos.
Os Serafins exibem seis asas e “inflamam os anjos inferiores no cumprimento dos desígnios divinos, purificando-os com seu fogo e iluminando suas inteligências, destruindo toda sombra” (Wikipedia).
Primeiro Serafim a reagir foi o presidente do Instituto Lula e ex-metalúrgico Paulo Okamotto, acusado por Valério de ameaçá-lo de morte. Negou tudo e acusou o Estadão de ter obtido as informações de forma ilícita.
A referência aos métodos jornalísticos não é nova. Os líderes do Partido Republica também não gostaram da forma como os repórteres do Washington Post obtiveram as informações que culminariam com o afastamento do presidente Richard Nixon, nos EUA.
Okamotto tem um currículo respeitável: foi diretor financeiro e jurídico do sindicato dos metalúrgicos do ABC e coordenou com José Dirceu, Cesar Alvarez e Ruy Falcão a primeira campanha eleitoral de Lula à Presidência, em 1989. Por seus méritos passou todo o período de 2003 a 2010 como presidente nacional do Sebrae.
Aos jornalistas, ontem, declarou, serafínicamente, que os resultados do julgamento do mensalão tornam possível concluir “que os que buscaram recursos para pagar campanha, que usaram esses recursos e não sabiam, acabaram pagando pela aproximação com Valério”. Tadinhos, pobres inocentes.
Outro Serafinzão que apareceu ontem na mídia, foi o condenado José Dirceu, que se percebe pobre vítima inocente de um malévolo julgamento que, acredita, será apagado da história. Triste ilusão.
Em cartão de Natal enviado a muitos, Dirceu lembrou de sua luta pela liberdade do País. Ora José, não me venha de borzeguins ao leito. Muitos se bateram contra o regime militar na busca pelo retorno das liberdades democráticas. Desculpe-me, mas não foi propriamente seu caso. Nós jornalistas, assim como seus colegas de partido, sabemos de seu acérrimo pendor autoritário, e que a liberdade que aspirava era, na melhor das hipóteses, à la cubana.
E por fim, fecha a cena, o cordão dos governadores indo ontem fazer seu preito de vassalagem a Deus na Terra. Aí, a bem da verdade, poucos Serafins, a maioria menos graduados, das ordens dos Tronos, Virtudes ou meros Arcanjos.
É bom nomeá-los: Tião Viana (PT-AC), Jaques Wagner (PT-BA), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Agnelo Queiroz (PT-DF), Camilo Capiberibe (PSB-AP), Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), Cid Gomes (PSB-CE) e Silval Barbosa (PMDB-MT). Também esteve presente Luiz Fernando Pezão, vice-governador do Rio de Janeiro.
Os governadores que consideram Lula ininputável: convém gravar o nome e cara deles
Esses acreditam que a Justiça deva ter limites. Que a imprensa deva ter limites. Que o Ministério Público deva ter limites.
Que tudo tenha limites para não afetar os detentores do poder, lá alçados pelo voto popular.
Como gostariam que o Brasil fosse a Venezuela, o Equador, a Argentina…
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