sábado, 12 de setembro de 2015

A POESIA DE CIRO TAVARES....




ARIADNE
Ciro José Tavares.
Não faz muito,
andamos mãos entrelaçadas
pelas praias parecendo
duas luas de eternos dias.
No silêncio das manhãs falavas
esquecida das tardes desmaiadas,
enquanto marés vinham lavar
a poeira dos nossos descaminhos.
Arrasta-me, Ariadne, Nos teus dedos prolongados
quero estar criança conduzida
à saída dos nossos labirintos.
Fala-me, quero estar preso à tua voz
ou liberto nos fios dourados
do teu corpo tempo.
Não faz muito, aqueceste
minhas dores
nos restos das noites mais antigas,
enquanto prometíamos gastar nossas visões
nos horizontes de múltiplas auroras.
Suspende-me, porque te quero e faço
momento duradouro,
lembrando que és
a mais pura porção das minhas dunas
e eu solitário fragmento
dos teus canaviais adormecidos.
Não faz muito, bebeste minhas lágrimas
misturadas às tuas chuvas de verão.
Arrasta-me, Ariadne.
Dentro de ti integro-me e sou
parte definitiva do teu corpo espaço.

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