segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A LITERATURA DE VIOLANTE PIMENTEL...

O VIRA-LATA


José Manoel era um homem de 

quarenta 

anos, que trabalhava descarregando os 

caminhões de algodão numa Usina de 

Nova-Cruz (RN). Levava uma vida 

calma, e sua alegria maior era o amor 

de 

sua mulher Laurinda e dos três filhos 

pequenos, por quem seria capaz de dar 



própria vida. Gostava do seu trabalho, 

e, 

como pobre, não tinha grandes 

aspirações. Uma vez por outra tomava 

umas cachaças, mas nada em excesso, 

que prejudicasse a paz de sua família. 

Laurinda, uma galega bonitinha, 

procurava ganhar algum dinheiro, 

fazendo faxina em casa de gente rica.

De um dia para outro, José Manoel 

virou 

a cabeça, ao ver desembarcar na 

estação ferroviária da cidade uma 

mulata bonita e faceira, por nome Zilda. 

A criatura chegara para ser hóspede de 

uma prima que morava na zona do 


baixo 

meretrício. Foi uma paixão violenta, e o 

homem se enfeitiçou de tal forma pela 

mulher, que passou a ser frequentador 

assíduo desse ambiente, que antes 

nunca frequentara. De repente, 

esqueceu de que tinha mulher e filhos 

em casa, entregou-se à bebedeira e a 

essa paixão, por sinal, correspondida. 

VIRA-LATA (3)

Laurinda, percebendo a mudança de 

comportamento do marido, logo 

percebeu que no meio disso tinha 

mulher. Usando seu sexto sentido, 

conversando com um e com outro, foi 

fácil descobrir o motivo de tudo. 

Acabou-se a paz dentro de casa, vieram 

as brigas, e José Manoel avisou a 

Laurinda que iria se separar dela. 

Desesperada, a esposa procurou um 

conhecido bodegueiro, seu amigo e 

padrinho do seu filho mais velho, de 

nove anos, para contar o drama por que 

estava passando. Pediu ao compadre 

que procurasse José Manoel e lhe desse 

uns conselhos, para que ele não 

abandonasse a família. O homem foi ao 

encontro de José Manoel e falou:

- Compadre, eu soube de umas coisas, e 

só acreditei porque comadre Laurinda 

confirmou. Você que era tão bom pra 

sua família, de repente virou a cabeça e 

está querendo deixar sua casa, por 

causa de uma vagabunda!…Você ficou 

doido, homem?!!! Trocar a família por 

uma mulher da zona?!!!

José Manoel, sem pestanejar, 

respondeu:

- Não, compadre, eu não endoideci!…

Foi 

o destino que quis assim. Eu passei dez 


anos comendo porcaria, feito um 

cachorro vira-lata, e de repente me vejo 

comendo carne de primeira, filé de 

verdade!!! Sei que me apaixonei por 


uma mulher da vida! E daí? Eu me sinto 

muito mais feliz comendo um prato de 

filé junto com os amigos, do que 

comendo uma panela de cocô sozinho…

A tentativa do compadre foi em vão.




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