Soneto de amor - Mário de Sá-Carneiro
Que rosas fugitivas foste alí:
Requeriam-te os tapetes - e vieste...
- Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.
Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apar'ceste -
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...
Pensei que fosse o meu o teu cansaço -
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...
E fugiste... Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...
Mário de Sá-Carneiro (Lisboa, 19 de maio de 1890 - Paris, 26 de abril de 1916) - Foi um poeta português. Foi um dos principais poetas pertencentes ao modernismo português, a chamada Geração D'Orhpeu. Começou a escrever muito cedo quando já mostrava um gênio impressionante. Foi para Coimbra estudar aos quinze anos e lá conheceu a figura mais importante na sua curta carreira literária, Fernando Pessoa. Com ele manteve intensa correspondência, enviando poemas e tratando de questões pessoais, muitas vezes, de uma forte angústia que o tomava, que, mais tarde, o levou a suicidar-se em um hotel em Paris. Mário de Sá-Carneiro, um grande poeta português.
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