sexta-feira, 22 de março de 2013

LEMBRANDO O POETA POPULAR ONÉSIMO MAIA...

Onésimo Maia
Com a minha cantoria
estou vivendo tranqüilo:
urubu não ganha fama,
não canta, não tem estilo!
Todo dia come carne,
Sem saber quanto é um quilo!
*
A mulher veio pedir
que eu passe o Natal com ela,
mas eu vou ganhar dinheiro
pra trazer o comer dela;
que é melhor faltar na cama
do que faltar na panela.
*
Eu voto em Zé Agripino,
que é santo da minha Sé,
porque me deu um emprego
que garante o meu café:
sou o vigia de um grupo
que inda sei onde é.
*
Da casa de Lima Neto,
quando você se aproxima,
a empregada diz logo:
- Venha correndo, seu Lima!
Chegou o cantador torto
que o gambá mijou em cima!
*
Ele é bom pai para os filhos
E um bom filho para Deus.
Eu sempre fui o canário
Das festas dos filhos seus,
Pois, do alpiste dos dele,
Eu ganho a ração dos meus.
*
Quando eu vier outra vez,
seu filho já está crescido;
essa moça tem casado,
já tem largado o marido;
sua mulher tá com outro
e o senhor já tem morrido.

*
Sua roupa tá bonita,
Seu sapato está brilhando.
Tive pena do menino
Quando estava lhe engraxando,
Pois ele tomou na jaca
Do jeito que estou tomando!
*
Eu sou tão analfabeto,
Que nem sei dizer o tanto;
Vendo um lápis, tenho medo;
Vendo um caderno, me espanto,
Mas, quando um jumento rincha,
Eu penso um poema e canto.

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