sexta-feira, 22 de abril de 2016

CORDEL...


Louro Branco
No dia que eu morrer
Deixo a mulher sem conforto
Roupas em malas guardadas
E o chapéu em torno torto
E a viola com saudades
Dos dedos do dono morto.
* * *
Paulo Nunes Batista
Quando quero improvisar
Basta que me dêem o tema
O cabra que é macho mesmo
Só gosta de mulé fema,
Pouco importando que ria,
Que chore, que grite ou gema.
Minha mãe , quando me teve
Foi para fazer figura,
Dar surra em cabra safado
Assim da tua estatura;
Comer arroz com farofa,
E feijão com rapadura.
* * *
Luiz Campos
Essa dor que estou sentindo
Esse mal, essa moleza
Esse tremido nas pernas
Essa cólica, essa fraqueza
Trinta por cento é doença
Mas os setenta é pobreza…
* * *
Ismael Pereira
O mínimo precisaria
Aumentar uns cem por cento
Quem recebe no salário
Quinze reais de aumento
É mesmo que receber
Nota de falecimento.
* * *
José Ribamar
Quem não crê que Deus existe
Existe sem merecer
Sem Deus não tem condição
Ninguém consegue viver
Ou pelo menos ser digno
De ser chamado de Ser.
* * *
Pinto do Monteiro
Chegue pisando maneiro
Sente e afine a viola
Procure cantar bonito
Agradando a curriola
Que ainda cabe um aluno
Nos bancos da minha escola.
* * *
Geraldo Amâncio
Quem não cantar do meu tanto
não acompanha o meu passo,
não tem a força que eu tenho,
quando manejo o meu braço,
não planta a roça que eu planto
nem faz verso que eu faço.
* * *
Lourival Batista
Sua vida inda está boa
A minha é que está ruim
Que você tá no começo,
Eu já tô perto do fim;
Tô perto de ficar longe
De quem tá perto de mim.
* * *
Cícero Manoel do Nascimento
O meu filho está desnutrido
Que parece um fantasma no mocambo!
A esposa coberta de molambo
Pois não tem com que compre outro vestido
Na bodega, ninguém me dá ouvido,
Pois fiado de mim ninguém confia…
Quando eu tento entrar na padaria,
Ouço um grito que volte da calçada,
Um pedaço de pão não vale nada,
Mas meu filho não come todo dia!
* * *
Raimundo Pelado
Eu como cantor
Não tenho inimigo
E só canto contigo
Pra fazer favor
Mas tenho rancor
De ver tua raça
Porque onde passa
E só pabulando
E o povo mangando
De tua desgraça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário