segunda-feira, 16 de novembro de 2015

VATES DO POVO...

louro
Lourival Batista (1915-1992), mais conhecido como Louro do Pajeú, foi o homenageado na Fenearte deste ano. A edição de 2015 da maior feira de artesanato da América Latina aconteceu no período de 2 a 12 de julho, no Centro de Convenções de Pernambuco. A Fenearte também homenageou o grande artesão pernambucano Mestre Nuca de Tracunhaém.
O tributo a Lourival Batista pode ser considerado extensivo a todos os poetas do nordeste, pois este repentista é um dos representantes máximos do maravilhoso mundo da poesia popular e do repente. Para a homenagem, a feira teve um museu no mezanino com exposição de obras do mestre Nuca e registros de poemas do Rei dos Trocadilhos.
O legado da poesia desse gênio do repente é grande em quantidade e qualidade, entretanto fizemos uma amostragem das pérolas poéticas do talentoso Lourival Batista Patriota:
“Eu comecei com um cego
Minha carreira de artista
Cesário José de Pontes
Que foi um grande repentista
Depois que ele morreu
Fiquei guiando os de vista.”
“O homem na mocidade
Com duas pernas se arruma,
Mas depois que fica velho
Com tudo se desapruma!
De duas passa pra três
E as três não valem uma.”
“Meus filhos são passarinhos
Que vivem dos meus gorjeios;
Eu, para encher os seus papos,
Caço grãos em chãos alheios
E só boto um grão no meu
Quando vejo os deles cheios…”
“O poeta é um canário,
O verso, o seu milho alpiste,
A lira é água potável
Matando a sede que existe,
Porém, faltando um dos dois,
A ave definha, triste.”
“Não vejo quem compreenda
Natureza de viola;
Com o sol não se dá bem
Com chuva se descontrola
Se vem o sol, ela racha
Se vem a chuva descola.”
“Pra cantar um desafio
A ninguém peço socorro…
Vai chegando ORLANDO TEJO,
Que é da altura d’um morro,
TEJO que anda esta hora
Não tem medo de cachorro.”
“Vou deixar a cantoria,
Estou vendo o sol se pôr,
Só nunca pude ver posto
Foi o sol da minha dor
Que, sendo forte, reflete
Na alma do cantador.”

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