sexta-feira, 6 de novembro de 2015

ECONOMIA DE NOMES...A LITERATURA DE VIOLANTE PIMENTEL...

BONAPARTE
Em Campina Grande (PB), havia um cidadão chamado José Vilinha, que, apesar de não ter muito estudo, era deslumbrado por personagens históricas. Por essa razão, costumava registrar os filhos com nomes de figuras que se destacaram na história, ao longo do tempo. Sempre prestando serviços como bedel em ambientes ligados à cultura, estava sempre atento às conversas, e sabia tirar proveito do que, sem querer, aprendia. José Vilinha tinha o dom de gravar na memória as coisas interessantes que ouvia. Gostava de assistir palestras ligadas à história mundial e se empolgava com os nomes dos personagens citados. Em casa, tinha o hábito de anotar, em um caderno, nomes de figuras históricas, sempre registrando alguma coisa sobre cada uma delas.
Com uma prole de dez filhos, ele e a esposa, Damiana, tinham orgulho dos nomes de cada um deles. Era uma escadinha:
– Benito Mussoline (homenagem a Benito Amilcare Andrea Mussolini, político italiano que liderou o Partido Nacional Fascista e é creditado como sendo uma das figuras-chave na criação do fascismo);
– Adolfo Hitler (homenagem a Adolf Hitler, militar e político, líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores, sendo ainda oposição aos sociais-democratas;
– Roosevelt (homenagem a Franklin Delano Roosevelt, o 32.° presidente dos Estados Unidos, do Partido Democrata, que cumpriu quatro mandatos);
– Hiroito (homenagem a Hirohito, também conhecido como Imperador Showa ou O Imperador Shōwa, o 124º imperador do Japão, de acordo com a ordem tradicional de sucessão, reinando de 25 de dezembro de 1926 até sua morte, em 1989).napoleão bonaparte II
– Flamarion (homenagem a Nicolas Camille Flammarion, 1842/1925, um importante pesquisador e divulgador científico francês, popularizador da astronomia);
– Joana D’arc (homenagem à heroína francesa e santa da Igreja Católica. É a santa padroeira da França e foi uma chefe militar da Guerra dos Cem Anos. Foi executada pelos borguinhões em 1431. Camponesa, modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa e também heroína de seu povo, canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva em um auto de fé;
– Isabel (homenagem à Princesa Isabel, apelidada de “a Redentora”, herdeira do Império do Brasil, com o título de Princesa Imperial. Serviu como regente do império, enquanto seu pai viajava pelo exterior. Isabel promoveu a abolição da escravidão durante sua terceira e última regência e acabou assinando a Lei Áurea em 1888).
– Anita (homenagem a Ana Maria de Jesus Ribeiro, ou Anita Garibaldi, companheira do revolucionário Giuseppe Garibaldi, conhecida como a “Heroína dos Dois Mundos”. Durante a Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, o guerrilheiro italiano Giuseppe Garibaldi, a serviço da República Rio-Grandense, conheceu Anita, que por ele se apaixonou e decidiu lutar pela independência gaúcha e de outros territórios. Eles ficaram juntos pelo resto da vida de Anita, que seguiu Garibaldi em seus combates em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai (Montevidéu) e Itália;
– Ana Néri (homenagem a Anna Justina Ferreira Nery, ou Ana Néri, uma enfermeira brasileira, pioneira da enfermagem no Brasil);
– Eva Peron (homenagem a Maria Eva Duarte de Perón, conhecida como Evita, uma atriz e líder política argentina. Tornou-se primeira-dama da Argentina, quando o general Juan Domingo Perón foi eleito presidente.
Damiana, esposa de José Vilinha, engravidou do 11º filho, e, dessa vez, seu marido decidiu homenagear, se fosse menino, o herói da Revolução Francesa de 1789, Napoleão Bonaparte. Se fosse mulher, seria registrada como Olga Benário (homenagem a Olga Benário Prestes -1908/1942, uma jovem militante comunista alemã, de origem judaica, deportada para a Alemanha durante o governo de Getúlio Vargas, onde veio a ser executada pelo regime nazista, em campo de concentração).
Para surpresa do casal, Damiana pariu gêmeos. Ao ver os dois recém-nascidos, José Vilinha disse que já tinha escolhido os nomes. Foi ao cartório e registrou os dois meninos, um com o nome de Napo Bonaparte da Silva e o outro com o nome de Leão Bonaparte da Silva.
Muito feliz, justificou perante os amigos e familiares:
– O nome que eu tinha escolhido serviu para os dois meninos. Deu certinho: Um é NAPO e o outro é LEÃO. É uma homenagem a Napoleão Bonaparte!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário