quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

UM SONHO ESQUIZÓIDE....POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.



          Parei hoje no tempo...adormeci...

          Sonhei e sentí o prazer do tempo que já passou...o tempo em que eu não era só lei...só responsabilidade...
          Cheguei a vestir o casaco que usava na minha mocidade...peguei nas mãos de quem eu podia pegar em tudo...reencontrei no sono uma felicidade perdida...que  morreu com os anos que passaram...com eu era livre...como eu era jovem...como eu não tinha dono...eu era um rei da minha alegria...eu era um rei do meu prazer...sem reticencias...sem se, sem senão ...sem por quês...a minha existência tanto tinha de simples como de plena...
          Depois eu passei a ser um falsificador de minha vida...
          Usei uma maquiagem ruim...me  maquiei de um homem triste..

          Delirei com  matinês...libidinagens..enfim o que a responsabilidade tira da vida..
          Acordei, abrí os olhos, e tive dúvida se partira ou se morrera de  mim mesmo...
          Ainda me abracei com minha coxa de flanela, me despedindo do sonho, e com pena de mim mesmo...
          Caminhei no corredor da casa de hoje, e ví o meu retrato, um quadro de menino da minha antiga casa, rindo do senhor que eu tinha me tornado...
          por alguns instantes fui dois: EU e o que fora...EU e o garoto feliz...Eu e o tempo que passou...
          Estou ainda me agarrando no meu  EU, no que fui, e no que posso vir a ser...
           Há esperanças, enquanto eu me lembrar destas sensações do que fui.
          Acordei com a sensação de virar o mundo...de me inverter de dentro pra fora, como quem inverte as próprias  tripas...de me recompor a partir das minhas postas, posto que o tempo foi me fatiando...e vir a minha superfície...a superfície que o tempo cobriu com uma montanha de ferro...

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