terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A POESIA DO POVO...

O UIRAPURÚ É UM PÁSSARO DA FLORESTA AMAZONICA, QUE SÓ CANTA UMA VEZ  NO ANO...

NO DIA QUE O UIRAPIURÚ CANTA , TODOS OS PÁSSAROS DA FLORESTA SE CALAM PARA ESCUTA-LO...TÃO  GRANDE É A BELEZA DO SEU CANTO...


O UIRAPURÚ...















 

Zezo Correia







trabalhando o tema



“A vida
de um passarinho”:

Canta a cauã com agouro
Em cima de uma aroeira
No ninho da quixabeira
Canta a casaca-de-couro
Eu admiro é um louro
Lá no oco apertadinho
Dentro criar um filhinho
Com tanta satisfação
Causando admiração
A vida de um passarinho.
Vê-se um maracanã
Rasgando espiga de milho
Pra dar comer a seu filho
Todo dia de manhã
Também vejo a ribaçã
Pôr pelo chão sem ter ninho
Deixar o ovo sozinho
Depois tirar sem gorar
Isso faz admirar
A vida de um passarinho.
* * *
Espedito de Mocinha
Eu nasci e me criei
Aqui nesse pé de serra
Sou filho nato da terra
Daqui nunca me ausentei
Estudei, não me formei
Por que meu pai não podia
Jesus, filho de Maria
De mim se compadeceu
Como presente me deu
Um crânio com poesia!
* * *
Pedro Bandeira
Quero a minha sepultura
Na sombra de uma favela
Onde morreu minha vaca
E meu cavalo de sela
Pra ninguém saber se os ossos
São meus, do cavalo ou dela.
* * *
Dedé Monteiro
Cantador pra imitar o triplo gênio
De um Xudú, de um Filó e de um Geraldo,
É preciso que tenha um grande saldo
De grandeza, de fé, de oxigênio;
E, além disso, passar quase um decênio
Preparando o bogó do coração
Pra juntar ferramenta e munição
Necessárias na guerra das ideias
Que provoca o delírio das plateias
Embaladas por tanta inspiração.
* * *
Diniz Vitorino
Vemos a lua, princesa sideral
Nos deixar encantados e perplexos
Inundando os céus brancos de reflexos
Como um disco dourado de cristal
Face cálida, altiva, lirial
Inspirando canções tenras de amor
Jovem virgem de corpo sedutor
Bem vestida num “robe” embranquecido
De mãos postas num templo colorido
Escutando os sermões do Criador.
* * *
Jó Patriota
Mesmo sem beber um trago
Sinto que estou delirando
Tal qual um cisne vagando
Na superfície de um lago
Se não recebo um afago
Vai embora a alegria
A minha monotonia
Não há no mundo quem cante
Sou poeta delirante
Vivo a beber poesia !
* * *
Pinto do Monteiro
 
Minha corda não se estica
Não se tora nem se enverga
Da terra pro firmamento
Meu pensamento se alberga
Em um lugar tão distante
Que lente nenhuma enxerga.
* * *
João Paraibano
Quando o dia começa a clarear
Um cigano se benze e deixa o rancho
A rolinha se coça num garrancho
Convidando um parceiro pra voar
Um bezerro cansado de mamar
Deita o queixo por cima de uma mão
A toalha do vento enxuga o chão
Vagalume desliga a bateria
Das carícias da noite nasce o dia
Aquecendo os mocambos do sertão.
* * *
João Igor
Poeta desde criança
Cantador desde menino
Acho que é dom divino
Não existe semelhança
Ainda tenho esperança
De um dia aparecer
Alguém para me dizer
Ou tentar me explicar
Se o que me faz cantar
É o que me faz viver.
Inda não se descobriu
É um mistério da ciência
Todo tipo de experiência
Nenhum efeito surtiu
Até fora do Brasil
Já tentaram entender
Mas não tem o que fazer
Tenho que me contentar
Se o que me faz cantar
É o que me faz viver.
* * *
Marcos Passos
Pinte o quadro da lembrança
Com o pincel do pensamento;
Recorde o encantamento
Dos bons tempos de criança!
Sinta luzes de esperança
Brilhando cor de marfim;
Contorne o painel carmim
Que a inspiração desenhou
E diga pra quem sonhou:
Poesia se faz assim!
No caldeirão da saudade
Junte a tristeza que chora
Com o riso que foi embora
Nas asas da mocidade.
Tempere o gosto da idade
Com amargura sem fim;
Prove a paz de um querubim
Tão puro de sentimentos,
Depois brade aos quatro ventos:
Poesia se faz assim!
Leia versos do sertão
De Jó e Zezé Lulu,
Manoel Filó e Xudu,
De Louro e Sebastião,
De Biu Crisanto e Cancão
Que decantou o jasmim
Cultivado no jardim
Do autor da natureza,
Então, fale com certeza:
Poesia se faz assim!
Se espelhe no repentista
Imortal Rogaciano,
Em João Paraibano,
Dedé Monteiro, um artista;
Antônio Marinho na lista
Dos mestres que não têm fim;
Depois, igualmente a mim,
Louve Pinto do Monteiro,
Propagando ao mundo inteiro:
Poesia se faz assim!

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