sábado, 23 de julho de 2016

UM HOMEM DOCE OU UM DOCE HOMEM...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL





               AGORA, EU SOU DIRETOR DO HOSPITAL WALFREDO GURGEL, ESTAMOS CONSTRUINDO O PRONTO SOCORRO CLÓVIS SARINHO...
               De repente a secretária anuncia: tem um senhor na recepção que quer lhe conhecer...eu disse:pergunte  o nome dele...ela respondeu: chama-se Orlando Gadelha ...
               Agora entra um senhor bem vestido, de palitó beje, sobre o qual meu pai  citava desde que eu era criança...
               Meu  pai tinha admiração por este amigo...era o seu consultor para todos os assuntos...nas suas dúvidas me dizia: vou perguntar a orlando...
               Seu Orlando era simpático, simples, risonho, com um sorriso largo, carismático...tinha a silhueta do Dr. Sarinho, que não tinha a simpatia do primeiro...
               O velho Orlando gadelha, dono da SIMAS, me falou que tinha vindo visitar um vaqueiro seu que estava doente, e aproveitara para me conhecer, pois soube que eu era filho de Chico Bezerra de Nova cruz...
               Me falou didaticamente: eu queria que você soubesse que foi seu pai que me ensinou a ganhar dinheiro...foi o meu grande professor...era um grande comerciante e um grande amigo meu...aprendi, a ser o que sou, com o seu pai...
               No início, ainda um meninote de dez anos, meu irmão mais velho trabalhava numa sapataria em Nova Cruz, onde hoje é a Comercial Pereira Matos, a Loja de SEU MATOS...
               Por intersecção do meu mano, eu fui vender sapatos na loja, no dia da feira: a segunda feira...
               Nas primeiras horas, achei o movimento muito lento...pouco movimento, tedioso...
               Cheguei para o dono da loja e perguntei:o Senhor me vende  fiado dois pares de sapato, que eu vou andar na feira e venho lhe pagar...o proprietário me confiou a mercadoria...
               Sai com os pares de sapato enfiados nos dedos da mão, e usei a minha cabeça que só tinha dez anos...oferecendo os sapatos aos transeuntes...com meia hora conseguí vender a mercadoria...paguei ao dono da sapataria e levei mais dois pares, e o mesmo fenômeno se repetiu...voltei, paguei e já levei quatro pares...o empresário contava o pagamento e sorria e:
               DESDE ESTE DIA FUI MEU PRÓPRIO PATRÃO...
               TEMPOS DEPOIS,já em Natal, tinha comércio na rua Dr. Barata e toda quarta feira seu pai vinha de Nova Cruz, conversávamos muito, me aconselhava, me comprava os confeitos que eu já fabricava no kilômetro seis...me dava grandes aulas...
               Tempos depois, eu já bem consolidado financeiramente disse para mim: preciso retribuir a Chico Bezerra tudo que ele fez por mim...
               O meu vizinho na Dr. Barata era um MAIORAMA, dono do Armazém do mesmo nome...este comerciante me falou que ia se desfazer do seu comércio, ia vende-lo, precisava vendê-lo...ORLANDO lamentou e disse: Dê um balanço em toda a mercadoria que você tem que, na quarta feira um amigo meu de Nova Cruz lhe compra tudo á vista...
               O homem fez o balanço de tudo, mercadoria, prédio, etc, e Orlando Gadelha Confirmou:é só esperar quarta feira...

               Na quarta feira chegou Chico Bezerra, meu pai, e Orlando Falou da sua estratégia: comprei o armazém do vizinho para você negociar vizinho a mim...sei que voce tem  este dinheiro e o negócio esta muito bom...está na hora de voce sair de Nova Cruz...voce estacionou em Nova cruz e precisa de Natal para desenvolver seu potencial...no interior já topou...
               Papai foi com Orlando olhar o negócio mas ficou em dúvidas...protelou o fechamento do negócio, e dias depois abriu-se para o amigo:
               Orlando, eu sou um homem nervoso...eu tenho medo de sair de Nova Cruz...
               Orlando sentiu muito mas aceitou,convicto que ele continuaria a crescer e papai no mínimo estacionaria...
               Em suma: esta é a história de um homem que deixou passar um cavalo selado...
               Eu via seu pai como um futuro dono de uma rede de supermercado, o que ainda nem existia em Natal.
               Nos despedimos, aprendí tambem a querer bem a Orlando Gadelha, e enquanto ele pontificou, me mandava na semana Santa e no Natal, uma Cesta de chocolates e bom-bons...
               Orlando Gadelha era mais doce do que os doces que ele fabricava...
              Era mais doce  que o doce de batata doce.

          saudades!!!

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