CORA CORALINA E SUA LIÇÃO DE VIDA
POR ARISTEU BEZERRA.
Toda pessoa tem seu conceito do que é viver bem, e Cora Coralina (1889-1985) conhecia muito bem sobre essa questão filosófica. Além de poeta, Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, o nome verdadeiro de Cora Coralina, era também uma ótima cronista. Considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras, ela teve seu primeiro livro publicado em junho de 1965 (Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais), quando já tinha quase 76 anos de idade.
Uma mulher simples, doceira de profissão, alheia a modismos literário, produziu uma obra poética baseada no cotidiano do interior brasileiro, principalmente dos becos e ruas históricas de Goiás. Certa vez, um repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem. Ela lhe disse:
“Eu não tenho medo dos anos e não penso na velhice.
E digo pra você, não pense.
E digo pra você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo.
Eu não digo que estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.
Eu não digo que estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que quando eu preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.
O bom é produzir sempre e não dormi de dia.
Também não diga pra você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Também não diga pra você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo que estou cansada. Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida
fica.
Eu não digo que estou cansada. Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida
fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago
comigo todas as idades, mas não sei se sou velha, não. Você acha que eu
sou?
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago
comigo todas as idades, mas não sei se sou velha, não. Você acha que eu
sou?
Posso dizer que sou a terra e nada mais quero ser.
Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus
direitos.
direitos.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e
amizade.
amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar, porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.
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