sábado, 7 de maio de 2016

8 DE MAIO DE 1955: DIA DAS MÃES...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.


               Nada como o tempo para passar...
               Há sessenta e um anos, minha mãe recebia os ingressos  na entrada do Cine Éden em Nova Cruz, e o filme começou...nesta época já era irmã de dois almirantes de carreira,Luiz Pimentel e Alberto Pimentel, um deles, Luiz, o Comandante do navio de Guerra Almirante  Barroso, o maior navio da marinha, á  época, mas  ajudava o cunhado, Paulo, o dono do cinema da cidade...
               No final da projeção uma novidade: Dona Lia Pimentel descansou...pariu um menino chamado Bernardo...eu já estava em casa, no meu berço Gerdau...
               um parto tão ligeiro como um coice de uma bacorinha...
               Fui  criado mamando e ninado por La Cumparsita e por Lencinho branco, dois tangos, que este mês escutei-os nas ruas de Madrid...lá eles são atuais, por que são eternos...
               as vezes ela balançava a minha rede cantando, e durante o dia, solava-os no acordeon, várias vezes...era uma ideia fixa...
              estes acordes me impregnaram a alma de música, de sensibilidade, de bom gosto, de introspecção: dois tangos em tom menor...
               Tive uma infância diferente e diferenciada...fui ensinado a, somente  render homenagem ao talento, e hoje compreendo por que minha mãe fechava os olhos quando comungava...
               Compreendo por que meu pai, no domingo, parava de trabalhar, vestia  o paletó, e ia assistir a missa...
               Fui estudar no Colégio Nossa senhora do Carmo, no preliminar e saí com o curso ginasial...era um tempo em que a maldade ainda não tinha nascido...

                                                            
               Era o tempo do Tio Paulo Bezerra, que já falava: a gente deve ser obrigado a ser feliz...
               Aos oito anos, me ajoelhei na igreja de Nossa senhora da Conceição, minha padroeira, e fiz o que a minha mestra , Irmã Luiza, me ensinara:
               Peça a Deus para ser um instrumento da sua paz... e Deus nunca me decepcionou...
               Depois, vim pro colégio Marista, não existia nada de melhor...uma caridade para os ricos...o colega que veio comigo foi aconselhado a procurar uma escola pública,por que atrasara a mensalidade...desapareceu...
               Nem a Faculdade de Medicina nem a Residencia de cirurgia me deram o humanismo que eu captei no balcão do nosso comercio...nas calçadas de Nova Cruz...convivi com a bondade de engraxates, como Baltasar, de João meneses, meu vizinho, um agricultor, gente de ouro, que dinheiro não compra.
              A imensidão eu trouxe de Nova Cruz...
               O sentimento do mundo nas duas mãos, eu trouxe do meu berço...
             Já tinha uma partitura para tocar a sinfonia da vida...tinha uma régua e  um compasso , tinha o humanismo, a sabedoria e a luz, que são reflexos de Deus...
           O que eu penso e pensei na minha solidão, foi  e será compartilhado por milhares de coração...
               Termino  repetindo Antoine de Saint-Exupéry, que era um piloto comercial:
               Não encontrei a grandeza humana atravessando o oceano Atlântico, nem o oceano pacífico, nem nenhum  oceano...
               Encontrei-a, senti-a, quando era criança e adoecia, e minha mãe vinha de ponta de pés,me buscar para dormir no seu quarto...
               E no dia que eu nasci,era o Dia das mães...
               Muito obrigado mamãe...por este azul que você implantou nas minhas retinas, para que eu visse a vida, azul, verde, cheia de esperanças, sempre iluminada...sempre fomos do cordão azul...
            Lhe homenageio hoje, na terceira idade, com a frase que você mais  repetia:
            Quando uma mãe beija um filho,  a sua alma se ajoelha...
             até um dia, minha Santa.

          seu Benado teletino...
seu fim de rama...
seu cós de saia...
seu bicho danado... 



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