A moça e a calça
Foi no Cinema Pax, em Ipanema. O filme em exibição é ruim: “O menino mágico.” Se mágico geralmente é chato, imaginem menino. Mas isto não vem ao caso. O que vem ao caso é a mocinha muito da redondinha, condição que seu traje apertadinho deixava sobejamente clara. A mocinha chegou, comprou a entrada, apanhou, foi até a porta, mas aí o porteiro olhou pra ela e disse que ela não podia entrar:
- Não posso por quê?
- A senhora está de “Saint-Tropez”
- E daí?
Daí o porteiro olhou pras exuberâncias físicas dela, sorriu e foi um bocado sincero: - Por mim a senhora entrava (Provavelmente compeltou baixinho:...e entrava bem.) Mas o gerente tinha dado ordem de que não podia com aquela calça bossa-nova e, sabe como é... ele tinha que obedecer, de maneira que sentia muito, mas com aquela calça não.
- O senhor não vai querer que eu tire a calça.
Nós, que estávamos perto, quase respondemos por ele: - Como não, dona! – Mas ela não queria resposta. Queria era discutir a legitimidade de suas apertadas calças “Saint-Tropez”. Disse então que suas calças eram tão compridas como outras quaisquer. O cinema Pax é dos padres e talvez por causa desse detalhe é que não pode “Saint-Tropez”. A calça, de fato, era comprida como as outras, mas embaixo. Em cima era curta demais. O umbigo ficava ali, isolado, parecendo até o representante de Cuba em conferências panamericanas.
_ Quer dizer que com minhas calças eu não entro? – Quis ela saber ainda uma vez. E vendo o porteiro balançar a cabeça em sinal negativo, tornou a perguntar: - E de saia?
De saia podia. Ela então abriu a bolsa, tirou uma saia que estava dentro, toda embrulhadinha (devia ser pra presente). Desembrulhou e vestiu ali mesmo, por cima do pomo de discórdia. No caso, a calça “Saint-Tropez”. Depois, calmamente, afrouxou a calça e deixou que a dita escorresse saia abaixo. Apanhou, guardou na bolsa e entrou com uma altivez que só vendo.
Enquanto rasgava o bilhete, o porteiro comentou:
- Faço votos que ela tenha outra por baixo.
Outra calça, naturalmente.
Stanislaw Ponte Preta
- Não posso por quê?
- A senhora está de “Saint-Tropez”
- E daí?
Daí o porteiro olhou pras exuberâncias físicas dela, sorriu e foi um bocado sincero: - Por mim a senhora entrava (Provavelmente compeltou baixinho:...e entrava bem.) Mas o gerente tinha dado ordem de que não podia com aquela calça bossa-nova e, sabe como é... ele tinha que obedecer, de maneira que sentia muito, mas com aquela calça não.
- O senhor não vai querer que eu tire a calça.
Nós, que estávamos perto, quase respondemos por ele: - Como não, dona! – Mas ela não queria resposta. Queria era discutir a legitimidade de suas apertadas calças “Saint-Tropez”. Disse então que suas calças eram tão compridas como outras quaisquer. O cinema Pax é dos padres e talvez por causa desse detalhe é que não pode “Saint-Tropez”. A calça, de fato, era comprida como as outras, mas embaixo. Em cima era curta demais. O umbigo ficava ali, isolado, parecendo até o representante de Cuba em conferências panamericanas.
_ Quer dizer que com minhas calças eu não entro? – Quis ela saber ainda uma vez. E vendo o porteiro balançar a cabeça em sinal negativo, tornou a perguntar: - E de saia?
De saia podia. Ela então abriu a bolsa, tirou uma saia que estava dentro, toda embrulhadinha (devia ser pra presente). Desembrulhou e vestiu ali mesmo, por cima do pomo de discórdia. No caso, a calça “Saint-Tropez”. Depois, calmamente, afrouxou a calça e deixou que a dita escorresse saia abaixo. Apanhou, guardou na bolsa e entrou com uma altivez que só vendo.
Enquanto rasgava o bilhete, o porteiro comentou:
- Faço votos que ela tenha outra por baixo.
Outra calça, naturalmente.
Stanislaw Ponte Preta
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