quarta-feira, 16 de março de 2016

SABEDORIAS...


A SABEDORIA DE MANOEL DE BARROS


POR ARISTEU BEZERRA...

              “Poesia é a virtude do inútil. O inútil só serve para isso mesmo, para a poesia.”
“Eu sou excitado pela palavra. Ela se apaixona por mim. As amigas que ela tem pelo mundo se encontram pelo cheiro para desabrochar num poema. Desabrocham em mim.”
“Tenho uma confissão a fazer: noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira.”
“Poesia a gente não descreve, a gente descobre. Eu sou procurado pelas palavras. Não tenho inspiração, não sei o que é isso. Só conheço de nome.”
“Quem tem muita informação perde o condão de adivinhar.”
“As palavras se oferecem no cio para mim. Tenho uma relação erótica com elas.”
“Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito.”
“Cristo foi um dos grandes poetas do mundo – tanto que 20 séculos já passaram por cima de suas palavras e elas são vivas e reviçadas todos os dias.”
“A voz de um passarinho me recita.”
“Sou livre para o silêncio das formas e das cores.”
“As flores dessas árvores depois nascerão mais perfumadas.”
“No fim da tarde, nossa mãe aparecia nos fundos do quintal:
Meus filhos, o dia já envelheceu, entrem pra dentro.”
“Deixei uma ave me amanhecer.”
“Eu precisava de ficar pregado nas coisas vegetalmente e achar o que não procurava.”
“Um fim de mar colore os horizontes.”
“Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.”
“Gosto de viajar por palavras do que de trem.”
“A palavra amor anda vazia. Não tem gente dentro dela.
“Meditei sobre as borboletas. Vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras, sem magoar as próprias asas.”
“Me procurei a vida inteira e não me achei pelo que fui salvo.”
“Poesia é voar fora da asa.”

Manoel Wenceslau Leite de Barros (1916-2014) foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à geração 45, porém formamente ao pós-Modernismo brasileiro, localizando-se mais próximo das vanguardas europeias do início do século, da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. O poeta mato-grossense Manoel de Barros buscava conjugar em sua obra elementos regionais com aflições existenciais e um surrealismo bastante particular. Sua formação era cosmopolita. Graduado em Direito e familiarizado com a moderna poesia francesa, chegou a viver no Rio de Janeiro, mas acabou se recolhendo a uma fazenda no Pantanal.

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