domingo, 27 de março de 2016

DE QUANDO EU TOMAVA PONCHE...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.


Me criei tomando ponche…vim saber o que era suco, depois de grande…além d o ponche, ainda na minha infância, o sucesso era o  QSuco…ou como vibramos com a chegada do Q QSUCO de Uva, de morango, de groselha…Quando adoecíamos, dispunhamos de guaraná champagne Antartica, com arroz branco e ovo frito…biscoito Maria…lambedor de angico com cumarú… No peito, uma massagem com vick vaporub, ou transpulmim…oh que alívio…pra quem tinha bronquite asmática…
O Ponche, era ,geralmente de maracujá…transparente, translúcido…diariamente,ia uma poncheira para o nosso comércio, as 15h, religiosamente,para matar a sede do nosso pai…
Nesta época, em Nova Cruz, cortava o cabelo com João Bil…que barbeiro simpático…era gordo, sorridente,tinha um cheiro de velho limpo, e exibia no riso, um dente canino inferior, de ouro…provavelmente colocado por Dr. Gilberto Tinôco…que era o dentista da cidade…o individuo envelhecia, morria, a terra comia, mais o dente de ouro permanecia intacto…Não existia fotopolimerização,nem resinas, mas as coisas dos dentes duravam, a vida toda…Paulo Bezerra morreu esmurrando a dentadura, para mostrar como Dr.Gilberto trabalhava bem…Que obturações bem feitas…definitivas…
Ria muito com as conversas da barbearia de João Bill…que parava de cortar o meu cabelo, para mandar uma coisa para Eulália, sua esposa…ele vivia para ela…mandava um coentro, umas tomates,carnes frescas, mas sempre mandava alguém entregar uma coisa para Eulália, na rua treze de maio…era um homem que se referia a mulher, estampando no rosto, o amor e a admiração….Coisa rara…Eulália era a princesa de João Bill…
Naquela época, se vinha pra Natal por Tangará…era uma viagem de mais de seis horas…se o motorista do ónibus fosse João França,aumentava bem duas horas de viagem…dirigia devagar….certa vez, custou tanto a chegar na rodoviária da ribeira, que quando estacionou,um gaiato perguntou se ele tinha vindo de ré…o motorista ficou irado…puto…quiz se agarrar com o moleque.
Certa vez, João Bill veio para Natal, após a feira,de ónibus, e em pé, segurando no guarda malas…o ónibus entupido de gente, um calor infernal….ao parar em Tangará, o velho barbeiro se dirigiu ao dono do bar,e pediu um refresco…estava morrendo de sede e calor…trouxeram-lhe um litro de ponche….ele compulsivamente tomou dois copos,tomou outro, e bebeu o litro todo, a sede era grande,sob a observação do barman, o dono…pediu novamente mais refresco,veio o segundo litro, que também foi tomando…nisso,o motorista do ónibus apita,lembrando o prosseguimento da viagem…o dono do bar esperava secar o segundo litro,após a confirmação de que o refresco era gostoso… com um certo prazer, pela aceitação demonstrada pelo freguês…João Bill pagou, e correu para o ónibus, de motor já ligado,mas, voltou correndo, e perguntou ao dono do bar: De que era este refresco que eu tomei? Pois se eu adoecer, eu pelo menos sei o que me ofendeu…

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