domingo, 12 de outubro de 2014

CONTANDO O TEMPO COMO UM MERCENARIO...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.

     

          HOJE, já conto os meus dias como um mercenário...degusto-os a cada instante...eles serão poucos...
          Quando se vive 59 anos, se vê que é muito pouco, uma vida digna só ter 70 anos...
          Cresci com o meu tio , Paulo Bezerra, me falando isto...não entendia, hoje eu compreendo...
          Sou o homem que dispõe de poucas frutas deliciosas para chupa-las, e que elas não serão mais encontradas, foram de safras únicas, atemporais, inexoráveis como o destino e a morte...
          AINDA não me preocupo em morrer...me preocupo em viver muito e bem...cassei todo o engodo...tirei todas as duvidas, cortei todas as visitas e noites em vão...já agrado muito pouco por serventia,já não tenho tanta atenção aos outros...mudei...mudando...
          Quanto aos amigos , todos me decepcionaram...já não espero mais neles...todas as amizades tem a sua conveniencia...
          TRISTE DE MIM SEM O SOL E A MUSICA...eu que só sou alma e jardins...
          TRISTE DE MIM SEM A CRUZ de JESUS CRISTO...eu que só sou preces e desejos...
          TRISTE DE MIM SEM A LOUCURA,que impede o juízo apodrecer...
          BOM TEMPO quando eu acreditava em tudo...
          BOM TEMPO quando eu era recebido pelos meus vizinhos e tratado como um rei...
          BOM tempo quando eu sonhava com colheitas, destino,e sonhos...
          BOM TEMPO quando a vida era verde de esperanças...
          BOM TEMPO quando eu não colecionava magoas...
          BOM TEMPO quando eu tinha prazer nas serenatas, caminhava nas ruas e amanhecia com o sol...um sol tao dourado como a minha existência...que iluminava os vãos profundos da alma, com uma luz caliente e prazerosa...
          BOM TEMPO  quando eu não tinha morto ninguém, dentro de mim...
          BOM TEMPO quando eu não curtia cadáveres insepultos...não morava longe nem tomava adoçante, e a bailarina da minha vida rodopiava na minha cabeça.
          Bom tempo aquele que eu tinha muito tempo...cantava cantigas de roda e a minha canção era em tom maior...
         Bom tempo aquele que eu renascia com a chuva, e escutava a sinfonia dos telhados alimentar o meu eu profundo.

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