sexta-feira, 13 de setembro de 2013

UM POETA NOVACRUZENSE...GLADSON MORAIS...O NETO DA MINHA QUERIDA DONA CECÍ...

A DISTÂNCIA DO POR ENQUANTO
(gladsonmorais)

As flores esqueci.
Não me sobrou trocados.
Forrei as mãos com os restos da noite.
Saio levado pelo vento sem forças de soprar a vela do alto mar.
Tenho ainda o som da tua voz passarinhando todos os meus versos.

Lembro dos amigos que ficaram,
dos amigos que partiram,
dos amigos, eu lembro.

Recordo o batom deitado
na minha longa camisa
estampada de rádios chuviscados e sintonizados na sua estação.

Quando a lua grávida sapateou, você chorou.
Sorri bobo em três acordes de introdução
e cantei, sem um copo na mão, ao futuro e a sua doce escuridão.

Sei que a minha ambição é pobre do que só cabe em grandes malas.
Continuo regando o nada
com letras, poemas e canções.

Minha felicidade permanece passeando entre copos,
amigos, romances e revoluções.
Tudo diagramado nas pichações dos que pensam e não dispensam.

Ainda corro, mas bem devagar.
É que a paisagem ensina bem mais do que onde temos que chegar.
Por isso queimo os dias e acendo as noites nos cigarros de cada cometa perdido.

Não me fale mais do talvez.
Este bêbado embriagado de tantas dúvidas.
Somos o por enquanto assoviando que ninguém vai mudar o que ficou.

As flores esqueci.
Também esqueci do vestido branco de noiva,
do véu, da grinalda, dos convidados,
e do padre com seu sermão repetitivo: "Até que a morte vos separe".
Mais uma vez desprezei o padrão
e provei que o amor flerta docemente com a oposição.

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