JOÃO FÉLIX...DA EXTREMA ALEGRIA Á PROFUNDA TRISTEZA...
QUANDO ERA CRIANÇA, CONHECI EM NOVA CRUZ UMA PESSOA GENTIL, BOA E SEM MALDADE:JOÃO FÉLIX...O SEU ÚNICO PRAZER ERA SERVIR, AGRADAR...
ERA TAMBÉM CHAMADO DE JOÃO BEICINHO...ERA PORTADOR DE UM CICATRIZ NO LÁBIO SUPERIOR,POSSIVELMENTE UMA CIRURGIA PARA A CURA DE LÁBIO LEPORINO.
TINHA MANIS DE DAR UM PRESENTINHO DOCE...UNS CONFEITOS, UNS CHOCOLATES...MAS, NA MAIORIA DAS VEZES, O PRESENTE ERA UM DOCINHO POPULAR, CRISTALIZADO...PARAVA EM TODAS AS RODAS. EM TODAS AS ESQUINAS...ERA UM HOMEM FELIZ...RISONHO...UMA PESSOA TRANQUILA...SEM VÍCIOS...
CERTO DIA JOÃO FÉLIX SE CANDIDATOU A VEREADOR E GANHOU...FOI A GLÓRIA...AUMENTOU A SUA ALEGRIA...NUNCA CONHECI NENHUM PARENTE DE JOÃO FÉLIX...NEM MULHER, NEM FILHOS...ELE APARECEU EM NOVA CRUZ COMO SE FOSSE UMA ALMA...
CHEGOU A CAMPANHA PARA A REELEIÇÃO DE VEREADOR...JOÃO FÉLIX NÃO CONSEGUIU DE REELEGER...ISTO DETERMINOU A TRANSFORMAÇÃO DE UM HOMEM FELIZ NUM HOMEM TRISTE...SUA ALEGRIA NATA FOI AMPUTADA DA SUA ALMA,PELA DERROTA DA ELEIÇÃO...E ELE DECIDIU BEBER ATÉ MORRER...DEIXOU DE SE ALIMENTAR, VIVIA CHORANDO NAS ESQUINAS, NÃO CONVERSOU MAIS COM NINGUÉM...JOÃO FÉLIX ERA UM POÇO ATÉ AQUI DE MÁGOAS...TOMAVA SOMENTE CANA PURA...NUNCA MAIS SE ALIMENTOU...COM POUCO MAIS DE MÊS, MORREU...
ISTO FOI NA ÉPOCA QUE ROBERTO CARLOS LANÇOU A MÚSICA:MARIA CARNAVAL E CINZAS...QUE EU ESCUTAVA E LEMBRAVA DO DESTINO DE JOÃO FÉLIX...SE MATOU POR QUE PERDEU UMA ELEIÇÃO...BEBEU ATÉ CAIR NO INFINITO...NÃO RESISTIU A UM CARNAVAL...AMANHECEU MORTO NA QUARTA FEIRA DE CINZAS...
Nasceu Maria quando a folia
Perdia a noite, ganhava o dia
Foi fantasia seu enxoval
Nasceu Maria no Carnaval
E não lhe chamaram assim
Como tantas Marias de santas
Marias de flor, seria Maria
Maria somente, Maria semente
De samba e de amor
Não era noite não era dia
Só madrugada, só fantasia
Só morro e samba
Viva Maria
Quem sabe a sorte
Lhe sorriria e um dia viria
De porta-estandarte
Sambando com arte
Puxando cordões e em plena
Folia de certo estaria
Nos olhos e sonhos de mil
Foliões
Morreu Maria quando a folia
Na quarta feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval
Viveu apenas um Carnaval
Que fosse chamada
Então como tantas
Marias de santas
Marias de flor, em vez de Maria
Maria somente, Maria semente
De samba e de dor
Não era noite, não era dia
Somente restos de fantasia
Somente cinzas, pobre Maria
Jamais a vida lhe sorriria
E nunca viria defoliões
Porta-estandarte
Sambando com arte
Puxando cordões
E não estaria em plena folia
Nos olhos e sonhos
De mil
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