NOTA DE RODAPÉ
POR LUIZ OTÁVIO CAVALCANTI.
Em 1959, a tomada do poder pelas armas, em Cuba, foi exemplar. Em vários aspectos. Mostrou que regimes latino-americanos, beneficiando uma elite predatória, não prosperariam mais. Detonou também um processo de violência política na América Latina.
Nos anos 60 e 70, um rastilho de pólvora percorreu o Continente. E instalou ditaduras militares que permaneceram décadas no poder. Foi assim na Argentina de Videla, no Brasil de Medici e Figueiredo, no Chile de Pinochet, no Paraguai de Stroessner.
Esses governos criaram militarmente barreira ideológica. Produziram algum avanço econômico. Mas destroçaram politicamente aqueles países com cassações, exílios e perseguições. E socialmente preservaram o grau de pobreza de suas sociedades.
Qual sua consequência? O surgimento do neopopulismo de esquerda dos Kitchner agentinos, do Lula brasileiro, do Chavez venezuelano, do Morales e outros mais. Esses líderes políticos produziram reformas sociais relevantes. Implantaram políticas sociais que resgataram da miséria milhões de famílias que, pela primeira vez, receberam atenção oficial.
Como esses programas foram executados? Cada país adotou formato institucional adequado a suas características e possibilidades. No Brasil, um conjunto de programas de redistribuição foi deflagrado com o aparelhamento político do Estado. Na Venezuela, a PDVSA de petróleo foi encarregada de subsidiar socialmente os serviços públicos. Na Argentina, os números estatísticos foram maquiados pelo governo. Em Cuba, Bolívia e Equador, as economias nacionais são suportadas com suprimento venezuelano.
Mas, há um elemento comum a todos eles: neopopulismo com prorrogação de mandato e manipulação de poder. Discurso de esquerda e prática fascista. Em todos esses países, as lideranças proclamam teses de esquerda e praticam política fascista, incorporando aliados e decisões de adversários históricos. O que aproxima o PT do PSC? e do PR? e de outros Ps?
Essa improvável realidade tem custo político: desmoralizou a esquerda verdadeira. Feita com seriedade, decência e coerência. Por isso, esquerdistas, como o político Plínio de Arruda Sampaio, e o poeta Ferreira Gullar, deixaram o Partido.
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