No Brasil, há dois especialistas em poder: os gaúchos e os mineiros. Getúlio e Juscelino são seus modelos. São duas escolas políticas de estilos diferentes: os gaúchos têm o senso do poder no discurso. Os mineiros o têm no silêncio.
Os gaúchos sabem gerir a máquina do Estado. Getúlio foi ditador presidente quinze anos (1930/45). E mais dois anos como presidente eleito (1952/54). Os mineiros sabem exercer a política. Juscelino elegeu-se presidente (1955) contra os votos da UDN, o discurso de Carlos Lacerda e parte dos militares. E construíram o mais afinado Partido Político no país, o PSD (extinto em 1965 e, agora, papel desbotado).
O que se passou entre a presidente Dilma Roussef (mineira de nascimento e gaúcha de formação) e o ex ministro Nelson Jobim foi um episódio ontologicamente gaúcho. Passado num morro dos pampas, cortado pelo minuano. Entre Bajé e São Borja. Alimentado pelo tempero entre orgulho e cheiro de fronteira. Que torna os gaúchos sempre homens a cavalo.
Jobim estava claramente decepcionado com a falta de reverência a seus saberes. E antigos poderes. Podia ter tomado a porta de saída sem alarde. Mas ele não nasceu em São João Del Rei, no centro de Minas. Preferiu produzir a sonoridade do trovão. Como gaúcho transtornado por um vazio que o atormentava.
No fim de contas, os gaúchos confirmaram sua sina. E o mineiro tomou-se do silêncio próprio das montanhas de Minas.
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