terça-feira, 9 de agosto de 2011

POVO ANESTESIADO...


SEGUIREMOS UNIDOS, POR HAROLDO BARBOSA...

Bombeiros representam uma categoria essencial para a sociedade urbana. Ganham menos de 2,5 SM.
O povo não efetua nenhuma pressão para que eles sejam remunerados adequadamente.
Médicos são essenciais para atender nossos familiares idosos (e jovens, claro). Também não fazemos pressão para que tenham estrutura mínima e salários dignos.
Professores formam nossos herdeiros tentando torná-los cidadãos conscientes habilitados a buscar boas oportunidades de crescimento profissional. Recebem menos que os bombeiros. Mas são esquecidos pelos pais das crianças prejudicadas com faltas de aulas, prédios esfacelados e programas fuleiros de ensino.
Prestadoras de serviços (telefonia, TV a cabo, bancos, planos de saúde, empresas de aviação e assemelhados) cobram caro, demoram a atender e nos criam dificuldades sem sofrerem multas (também não pagam mesmo, pois patrocinam campanhas eleitorais). E não fazemos boicote às mesmas. Agindo como meros cordeiros mansos, continuamos enriquecendo seus donos e reclamando com as paredes enquanto estamos nas filas.
Legisladores e executivos se aproveitam dos cargos e das imunidades (criadas por eles mesmos) para surrupiar grandes parcelas dos impostos extorsivos que nos cobram por serviços mal prestados. E nós não efetuamos passeatas constantes para combater esta prática danosa à nação, ao futuro de nossos herdeiros e aos nossos orçamentos domésticos.
Sabemos de todas estas mazelas pois somos lúcidos bastante para descreve-las. Mas nos mantemos acomodados e hipnotizados pelas telas de led e HD (que apenas realçam os sorrisos das autoridades que se revezam no poder).
Enquanto existirem os mecanismos de distração da população e crediários que cobram 3 vezes pelo valor do bem adquirido, nada mudará neste cenário de engodo.
Somente uma queda prolongada de energia que impeça a exibição das novelas, futebol, samba e Big Besta Brasil, poderá provocar uma ira coletiva que nos uma numa marcha épica através da cidade em direção à estação de TV que se atreve a cortar nossas fantasias fúteis.
Nesta caminhada portaremos cartazes de repúdio aos incompetentes que nos deixam privados das baboseiras em que já estamos viciados desde o surgimento da TV colorida.
Nossa indignação só será aplacada se no trajeto do protesto surgir algum trio elétrico com alguns frenéticos rebolando e ganindo no alto do precário palco móvel. A música contagiante produzida por alguma mulata quase desnuda acalmará os ânimos da plebe “indignada” após 4 ou 6 latas de cerveja oferecidas pelos ambulantes do entorno.
E seguiremos unidos atrás do bloco entoando algum refrão do tipo:
-Ei, ei, ei. O governo é nosso rei!

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