sexta-feira, 24 de junho de 2016

SAUDADES – Cassimiro de Abreu

Nas horas mortas da noite 
Como é doce o meditar 
Quando as estrelas cintilam 
Nas ondas quietas do mar; 
Quando a lua majestosa 
Surgindo linda e formosa, 
Como donzela vaidosa 
Nas águas se vai mirar!
Nessas horas de silêncio, 
De tristezas e de amor, 
Eu gosto de ouvir ao longe, 
Cheio de mágoa e de dor, 
O sino do campanário 
Que fala tão solitário 
Com esse som mortuário 
Que nos enche de pavor.
Então – proscrito e sozinho – 
Eu solto aos ecos da serra 
Suspiros dessa saudade 
Que no meu peito se encerra. 
Esses prantos de amargores 
São prantos cheios de dores: 
– Saudades – dos meus amores, 
– Saudades – da minha terra!

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