sábado, 25 de junho de 2016
O CLIMAX DA POESIA ...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.
HÁ coisas na vida que são poucas ou são demais...as vezes sofro pela carência das primeiras, outras vezes apanho pelo excesso das outras...
Tenho passado a vida, mesmo na chama da batalha, vendo a poesia que afrouxa a vida, mesmo quando a alma está num torno...
Quantas vezes presenciei círios queimando em catedrais em ruínas...gestos finos em mãos calejadas...rios transbordando em gotas D'Água...olhos que eu julguei cegos, ofuscarem de tanta luz...
Da mesma forma vi punhos e mãos cerradas em braços liturgicamente abertos...vi cegarem o assum preto para ele cantar mais...vi a intensidade do prazer aumentar com a maldade...
É desta forma que vive o poeta...é atrás destas respostas que existe a poesia...a busca constante pra decifrar o incognoscível...
O INCIGNOSCÌVEL é tudo que não tem explicação, mas que alma vive em busca de uma explicaçao, de um rastro, de um cheiro, de uma lógica...
Um homem somente inteligente vê somente o rosto, enquanto um poeta vê a fisionomia...vê o seu retrato de há trinta anos atrás, e atesta que embora exista o mesmo rosto, a fisionomia é diferente...em cada ruga se lê um talho da própria alma...em cada cacoete uma ferida ou um orgasmo....
E deste modo se constrói uma vida interior...semeia-se a alegria no eu profundo, e jamais se padece de solidão.
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