sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

PARECE UM CONTO DE TRANCOSO...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.


               As vezes o inimigo mora ao seu lado...as vezes o inimigo dormiu trinta anos na cama com você...é a vida.
               Nascí vendo imposto de renda ,sendo fiscalizado, com lápis comum e borracha...na era antes do computador.
Todos as minhas tias dispuseram de um emprego na receita federal,conseguidos pelo primo importante da época, Elias Souto,o primeiro dono do diário de Natal.Somente a minha mãe não aceitou, escolhera casar e morar EM NOVA CRUZ.
Carmem Celeste Pimentel era a pessoa que mais entendia de imposto de renda em Natal...uma mulher temida e anti propina...mas, no fundo, tinha prazer em orientar um contribuinte,evitando-o de multas, por pecados veniais.
               A casa de Carmem celeste era uma enchente, na época de fazer a declaração...Ela fiscalizava com lápis comum, e aplicava a multa nos sonegadores, exemplarmente.Lá podia-se encontrar o Desembargador Floriano cavalcante,Luiz Maranhão,Antonio Pinto,Dr Hélen Costa,o nosso querido médico de família.
Um tio torto meu, que também era fiscal,começou a emprestar dinheiro á juros,era agiota...condição incompatível com um cargo de fiscal da receita...Mas,o perigo morava ao lado.

Um Fiscal da receita,colega desafeto do fiscal agiota,talvez aplicando a lei que, vingança é um prato que se come frio,conseguiu uma promissória numa gaveta, que comprovava a agiotagem, e encaminhou um processo...Resultado,o Tio Torto foi liminarmente demitido, á bem do serviço público.

Triste de quem bate de frente com a vida...o tio torto demitido entrou em depressão,vivia acabrunhado,e perdera o seu salário...envelheceu vinte anos em cinco, assim como definhou.Muitas vezes, criança, ia com mamãe almoçar na sua casa, no domingo...mamãe se entristecia com a tristeza do cunhado.
No seu desespero, fez uma carta ao presidente da República, o GENERAL GEISEL...
a carta foi parar no quarto das cartas, que não seriam lidas pelo presidente, mas incineradas...
O BEDEL do palácio do planalto,estava apanhando as cartas num tapete, para leva-las pro fogo...o que era um ato rotineiro.Neste instante ele viu uma carta proveniente de Natal...sentou-se e abriu-a dizendo:o que será que este conterrâneo queria com o presidente? era a carta do tio torto...o bedel leu e disse:eu vou ajudar este homem do meu estado...este simples funcionário tinha transito em todas as reuniões presidenciais, pois servia o cafezinho e água, era bem querido...
Certa vez,numa reunião de Geisel com o ministro da fazenda,Mário Henrrique Simons,o Bedel, que era Novacruzense,e se chamava Marcelino,colocou a carta no bolso do ministro,e na sua insignificancia, pediu por ele...POIS BEM, este senhor por não saber que era impossível,tornou possivel, fez.
O Ministro disse, traga seu protegido para falar comigo tal dia...
Marcelino escreveu para o tio torto, que nunca tinha visto, dizendo que ele viesse a Brasília tal dia, que o ministro ia ouvi-lo...convidou-o para que ele fosse seu hóspede, na sua estadia em Brasília...
O TIO TORTO quase não acreditou, mas foi...resumindo:foi readmitido no serviço público, e recebeu todo o atrasado...ficou rico de novo.
Marcelino, segundo meu pai, tinha um caldo de cana em Nova Cruz, no tempo que DOM-DOM jogava no andaraí...e foi recompensado com um fusca zero quilometro...dado de coração...até então o bedel não tinha carro.

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