domingo, 13 de dezembro de 2015

A LITERATURA DE VALÉRIA PIMENTEL...

Lentamente estou envelhecendo 
Seguro- me , sem me deixar penetrar ,mais profundamente neste tempo de vida .Sinto a estranha sensação de que metade de mim está vivendo em outra parte do mundo . Sou duas metades distintas ; a material e a espiritual. 
Minhas dimensões espirituais são infinitas . São elas que me sustentam nos sonhos do amanhecer .Jà minhas dimensões materiais me impulsionam para o poente banhando a minha face de lágrimas que escorrem pelo meu corpo sem o poder de rejuvenescê - lo. 
Tenho que ser forte para aceitar esse encontro com as mudanças , pois , vagarosamente, a máquina do tempo está me transformando , 
Aproxima - se a hora da reflexão . 
Minha sensibilidade , ferida em todos os ângulos ,se torna hábil em reunir diversas forças . Força para enfrentar os ventos que sopram força para procurar tesouros dados como perdidos.
Empreendo essa viagem, deixando para trás o sino que tange, a canção que se perde e as árvores desfolhadas em seu abandono . 
Meus ombros haverão de suportar o peso do mundo e o meu coração não estará tão insensível que não possa sentir as boas sensações da minha nova idade. Uma idade que será, inevitavelmente povoada de recordações . Será um tempo de lembranças e contemplaçóes . Deslizando por ele , sinto que enfrento um desafio mas tentarei aceitá- lo, não como uma luta ou combate ,mas como um prêmio. 
Muitas portas estão fechadas mas muitas janelas se abrirão.Através delas poderei ver que são muitos os caminhos ainda a percorrer. Minha palavra será de sabedoria para orientar quem me procure. Será de compreensão e de perdão porque não haverá mais tempo para lutas e ódio. Meu carinho será mais leve, mais suave e minhas lágrimas serão menos salgadas . 
Terceira idade -- vida difícil . Ninguém conhece melhor os efeitos da ausência da juventude do que quem a está perdendo . A melancolia invade o meu coração diante das ameaças da velhice. Em certos momentos até me sinto morta. Uma morte tão complexa que, algumas vezes , morro de tristeza e, outras vezes morro de amor . 
É um triste espetáculo que presencio no meu espaço interior.Meus estímulos estão adormecendo diante do desamparo da juventude. 
Na realidade do dia-a-dia há um grande abismo que consome, sem rodeios,a minha alegria de viver. O cotidiano da minha nova idade dissolve o meu ânimo, robustece a minha insatisfação, fortalece as minhas crises existenciais e me presenteia traumas. 
Sou levada pela correnteza da vida. Falta-me energia para mudar o curso pois vivi uma vida em compasso de espera e hoje o que encontro é um tempo que termina. Esqueci que a vida tem prazo previsto. Não há tempo para procurar destino .

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