terça-feira, 8 de dezembro de 2015

GARIMPANDO CULTURA...

POR ARISTEU BEZERRA...
FRASES E REFLEXÕES DE JOÃO UBALDO RIBEIRO


“Faço tudo que me dá na cabeça, não quero saber de limitações. Eu não pequei contra a luxúria. Quem peca é aquele que não faz o que foi criado para fazer.”
“Jogar ovos, tomates e tortas na cara de autoridades e pomposos variados é comportamento relativamente comum nas democracias mais consolidadas, com exceção da americana, onde o pessoal prefere dar tiro mesmo.”
“”Um romance são tantos romances quantos quantos forem seus leitores.”
“Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu puxar a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos.”
“Não se lê porque não se gosta de ler, porque dá trabalho. Ler é chato porque a pessoa não aprendeu a ler. Ela aprendeu a ficar na frente da TV onde tudo é fornecido.”
“Meu anjo da guarda me segurou. Ele chama Pepe. Não devia divulgar, na Bahia não se revela o nome do anjo da guarda.”
“Como muitos escritores, eu escrevo por dinheiro. Eu sempre admirei quem vive do prazer de escrever, mas o fato de escrever por dinheiro não quer dizer que eu não tenha talento ou que a obra seja ruim.”
“Vivo dentro de casa, não gosto de sair, estou casado há 30 e poucos anos, eu e minha mulher nos damos muito bem, conversamos muito, batemos papo, e aí não posso mais ser chamado de boêmio.”
“Eu sou uma pessoa totalmente destituída de rabo preso. Nunca roubei ninguém, não tenho antecedentes criminais, nunca fui dedo-duro, é difícil desencavar em meu passado algo mais grave do que ter enganado uma namorada, e assim mesmo muito eventualmente.”
“A literatura nunca vai perder sua força. O leitor não pode assumir a passividade que assume assistindo a um filme, vendo TV ou até ouvindo música.”
“No mundo todo, os poetas são geralmente professores universitários, bibliotecários, enfim, exercem outras profissões porque a poesia não costuma dar camisa a ninguém.”
“O computador deixa o inteligente mais burro, porém não deixa o mais burro inteligente.”
“Não sou muito otimista quanto à humanidade. Somos uma especiezinha muito criticável. Somos todos uma contradição imensa. Nossa ruindade animalesca prevalece, apesar da racionalidade.”
“O romance, se a gente deixar, abandonar, na volta desanda, perde-se o livro. Quem me ensinou essa expressão foi o Rubem Fonseca, que é muito amigo meu. E ele tem toda razão.”
“Fui criado numa casa cheia de livros e com um pai bastante rigoroso. A arte é uma forma de conhecimento, tem que se buscar isso.”
“Apesar de manejar bem a técnica, continuo escrevendo com dificuldade. Ainda mais com computador, que torna o trabalho mais lento. Com a facilidade de mexer no texto a gente acaba fazendo mais mudanças do que deveria.”
“Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo.”
“Nós vivemos num ambiente de lassitude moral que se estende a todas as camadas da sociedade. Esse negócio de dizer que as elites são corruptas, mas o povo é honesto é conversa fiada. Nós somos um povo de comportamento desonesto de maneira geral, ou pelo menos um comportamento pouco recomendável.”
“Se escrever crônicas é bom para um romancista? Não deixa de ser, pois haja ou não a chamada inspiração – a qual, aliás, eu não acredito muito, talvez até por causa da experiência do jornalismo -. a crônica tem que sair.”
“Não podemos fazer muito quanto à extensão de nossa vida, mas podemos fazer muitos sobre a largura e a profundidade dela.”
“Em tese, somos capazes de nos apaixonar por tantas pessoas quantas sejamos capazes de lembrar, o limite é este, não um ou dois, ou três, ou quatro, ou cinco, ou dezessete, todos esses números são arbitrários, tirânicos e opressores.”
“Não me considero um homem de letras. Encaro com enorme tédio essa tal de literatura.”
joao-ubaldo-ribeiro
João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro (1941-2014) foi escritor, jornalista, roteirista e professor brasileiro, formado em direito e membro da Academia Brasileira de Letras. Foi ganhador do Prêmio de Camões de 2008, maior premiação para autores de língua portuguesa. João Ubaldo teve algumas obras adaptadas para a televisão e para o cinema, além de ter sido distinguido em outros países, como a Alemanha.

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