Poeta cantador Dimas Batista Patriota (1921-1986)
Dimas Batista
Quando eu pego na viola
Para cantar o Brasil:
Militar deixa o fuzil;
Jogador esquece a bola;
O aluno gazeia a escola;
O judeu sai do balcão;
O orador erra a expressão;
Pugilista perde o soco.
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!
Para cantar o Brasil:
Militar deixa o fuzil;
Jogador esquece a bola;
O aluno gazeia a escola;
O judeu sai do balcão;
O orador erra a expressão;
Pugilista perde o soco.
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!
Eu sou toque de corneta;
Sou barulho de batalha;
Sou o gume da navalha;
Sou a ponta da lanceta;
Sou a pancada da marreta;
Sou o golpe do facão;
Sou tiro de mosquetão;
Sou trator de arrancar toco:
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!
Sou barulho de batalha;
Sou o gume da navalha;
Sou a ponta da lanceta;
Sou a pancada da marreta;
Sou o golpe do facão;
Sou tiro de mosquetão;
Sou trator de arrancar toco:
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!
Cantador só passa em teste
Se consultar o Batista;
Porque Deus me fez artista;
Repentista do Nordeste;
Eu não temo nem a peste
Que tenha “pauta” com o “cão”,
Minha voz é um trovão;
Só não ouve quem for mouco:
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!
Se consultar o Batista;
Porque Deus me fez artista;
Repentista do Nordeste;
Eu não temo nem a peste
Que tenha “pauta” com o “cão”,
Minha voz é um trovão;
Só não ouve quem for mouco:
Eita, Brasil de caboco,
De Mãe Preta, e Pai João!
* * *
Severino Ferreira
Em Cajueiro eu nasci
Em Boqueirão fui criado
Junto a meu pai no roçado
Trabalhei muito e sofri
Estudar não pretendi
Por ser distante a escola
Nunca fui chegado a bola
Pião, bodoque, carrinho
Já via em frente o caminho
Da profissão de viola.
Em Boqueirão fui criado
Junto a meu pai no roçado
Trabalhei muito e sofri
Estudar não pretendi
Por ser distante a escola
Nunca fui chegado a bola
Pião, bodoque, carrinho
Já via em frente o caminho
Da profissão de viola.
* * *
José Tiburtino Carvalho (Cancão de Mirandiba)
POLÍTICO SACANA
Lhe dou se você quiser
Uma quarta de farinha
E mato minha galinha
Pra nós tomar com café
E peço a minha mulher
Também mate o meu capão
E dele faço um pirão
Com guisado de cabrito
Tudo isso eu admito
Porém o meu voto não!
Uma quarta de farinha
E mato minha galinha
Pra nós tomar com café
E peço a minha mulher
Também mate o meu capão
E dele faço um pirão
Com guisado de cabrito
Tudo isso eu admito
Porém o meu voto não!
* * *
Odilon Nunes de Sá
Acho graça a mocidade
Não querer envelhecer
Velho ninguém quer ficar
Novo ninguém quer morrer
Sem ser velho ninguém vive
Bom é ser velho e viver.
Não querer envelhecer
Velho ninguém quer ficar
Novo ninguém quer morrer
Sem ser velho ninguém vive
Bom é ser velho e viver.
* * *
Onildo Barbosa
No planeta poeta em que vivemos
Sonho muito em deixar de ser poeta
Minha alma andarilha e inquieta,
Já cansou de romper os seus extremos,
Tenho a grande impressão, que o que temos
Já perdeu seu sabor original,
Fica apenas no mundo virtual
Todo dia essa cena se repete
O que faço não passa da internet
Nada vale pra mídia nacional.
Sonho muito em deixar de ser poeta
Minha alma andarilha e inquieta,
Já cansou de romper os seus extremos,
Tenho a grande impressão, que o que temos
Já perdeu seu sabor original,
Fica apenas no mundo virtual
Todo dia essa cena se repete
O que faço não passa da internet
Nada vale pra mídia nacional.
Eu queria ver lá em Jô Soares,
Cordelistas, poetas cantadores ,
Repentistas, fiéis aboiadores
Divulgando projetos populares
Sebastião Cirilo, Carlos Aires,
Moacir, Ivanildo, Biu Salvino,
O poeta maior: Júnior Adelino,
Zé Viola, Geraldo e Moacir,
E eu sentar no sofá pra assistir,
Ao mais puro elenco nordestino.
Cordelistas, poetas cantadores ,
Repentistas, fiéis aboiadores
Divulgando projetos populares
Sebastião Cirilo, Carlos Aires,
Moacir, Ivanildo, Biu Salvino,
O poeta maior: Júnior Adelino,
Zé Viola, Geraldo e Moacir,
E eu sentar no sofá pra assistir,
Ao mais puro elenco nordestino.
Fico triste assistindo no Faustão
Um desfile de raças de cachorro
Nosso verso ao chorar pedir socorro
Mas programa nenhum lhe dá a mão
Nossa arte criada no sertão,
Possui tantos talentos pra mostrar,
Quero vê Mestre Lemos declamar,
Com Heleno Alexandre de Sapé,
Demonstrando o cordel como ele é,
A mais rica cultura popular.
Um desfile de raças de cachorro
Nosso verso ao chorar pedir socorro
Mas programa nenhum lhe dá a mão
Nossa arte criada no sertão,
Possui tantos talentos pra mostrar,
Quero vê Mestre Lemos declamar,
Com Heleno Alexandre de Sapé,
Demonstrando o cordel como ele é,
A mais rica cultura popular.
O Rolando Boldrin não me convida
Jô Soares, Datena, nem Faustão,
Cada dia me dá a impressão
Que a nossa cultura está perdida
Fico aqui neste beco sem saída
Sufocado na minha persistência
A viola, na sua resistência,
Quando toca me diz em som dolente,
Que a barreira que tem na nossa frente
É maior do que nossa inteligência.
Jô Soares, Datena, nem Faustão,
Cada dia me dá a impressão
Que a nossa cultura está perdida
Fico aqui neste beco sem saída
Sufocado na minha persistência
A viola, na sua resistência,
Quando toca me diz em som dolente,
Que a barreira que tem na nossa frente
É maior do que nossa inteligência.
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