segunda-feira, 14 de julho de 2014

A POESIA DE FRANCISCO OTAVIANO...

MORRER... DORMIR... - FRANCISCO OTAVIANO

Morrer, dormir, não mais: termina a vida
E com ela terminam nossas dores,
Um punhado de terra, algumas flores
E às vêzes uma lágrima fingida.

Sim, minha morte não será sentida,
Não deixo amigos e nem tive amores!
Ou se os tive, mostraram-se traidores,
Algozes vis de uma alma consumida.

Tudo é pobre no mundo; que me importa
Que ele amanhã se esb’roe e que desabe
Se a natureza para mim está morta!

É tempo já que o meu exílio acabe;
Vêm, pois, ó morte, ao nada me transporta!
Morrer, dormir, talvez sonhar, quem sabe.


Francisco Otaviano, 1850
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Nota: Francisco Otaviano (F. O. de Almeida Rosa), advogado, jornalista, político, diplomata e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 26 de junho de 1825, e faleceu na mesma cidade em 28 de junho de 1884. É o patrono da Cadeira n. 13, por escolha do fundador Visconde de Taunay. Matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo em 1841, na qual se bacharelou em 1845. Regressou ao Rio, onde principiou a vida profissional na advocacia e no jornalismo. Foi eleito secretário do Instituto da Ordem dos Advogados, cargo que exerceu por nove anos; elegeu-se deputado geral (1852) e senador (1867). Como jornalista, empenhou-se com entusiasmo nas campanhas do Partido Liberal e tomou parte preponderante na elaboração da Lei do Ventre Livre, em 1871.
Apesar da carreira fácil, respeitável e brilhante, cultivou sempre a nostalgia das letras.
Nas suas traduções de Horácio, Catulo, Byron, Shakespeare, Shelley, Victor Hugo, Goethe, revela-se também poeta excelente. Ficou para sempre inscrito entre os nossos poetas da fase romântica, mesmo que não tenha exercido a literatura com paixão, e o patriota que foi dá-lhe lugar entre os grandes vultos brasileiros do século XIX.

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