domingo, 6 de julho de 2014

A CRÔNICA DA ROTINA...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.



               Conheço dois tipos de gente:uns que adoram a sua rotina, outros a acham monótona...tenho colega que diz que detesta tirar férias para não ficar em casa...se eu pudesse nem saía de casa...tenho Hobbes intermináveis...acumulo certos Hobbes há anos, por falta de tempo..se bem que tempo, é questão de dar preferência...mas, quando se gosta de muita coisa, sempre vai faltar tempo...

               Temos que nos sentir na vida subindo uma escada...todo dia se sobe um degrau, sem se SABER QUANDO SE CHEGARÁ AO ÚLTIMO, nem deseja-lo...Tenho uma amiga médica,Dra Marlise Romano, que quando era académica me disse uma frase que eu nunca esqueci:Eu adoro a rotina...eu amo a minha rotina...não quero nada que me tire da rotina...nunca esqueci a frase ,por que ela é rara....também conheço gente que prefere o novo todo dia,que se entedia com a sua rotina...                Chico Buarque, na ópera do Malandro, descreve muito bem a rotina, que acomete a maioria da mulheres,principalmente a nordestina,numa canção chamada, o CASAMENTO DOS PEQUENOS BURGUESES. 

               UM amigo me falou que a mulher da gente é como galinha de granja:é branquinha,limpinha,cheirosinha,sadiasinha, mas não tem gosto de nada...boa é a galinha de capoeira...
               outro me disse que:a mulher da gente tem gosto de xuxu, mas a gente tem que comer, senão o vizinho chega, come,e acha uma delícia...Nem tanto mestre,os homens também tem os seus ciclos de humor e sexualidade...
                tem dias que a gente mija no chapéu,é um primor, e tem dias que a gente só consegue mijar as meias.
                Mamãe dizia que a mulher envelhece do umbigo para cima, e o homem, do umbigo para baixo.
               Paulo bezerra dizia:Sexo não se acaba, muda apenas de lugar... 
               Há quem diga, que a língua um dia, será descrita como um órgão sexual, que os antigos usavam para falar.


O Casamento Dos Pequenos Burgueses

Chico Buarque


Chico Buarque

1977-1978

Ele faz o noivo correto

E ela faz que quase desmaia
Vão viver sob o mesmo teto
Até que a casa caia
Até que a casa caia

Ele é o empregado discreto

Ela engoma o seu colarinho
Vão viver sob o mesmo teto
Até explodir o ninho
Até explodir o ninho

Ele faz o macho irrequito

E ela faz crianças de monte
Vão viver sob o mesmo teto
Até secar a fonte
Até secar a fonte

Ele é o funcionário completo

E ela aprende a fazer suspiros
Vão viver sob o mesmo teto
Até trocarem tiros
Até trocarem tiros

Ele tem um caso secreto

Ela diz que não sai dos trilhos
Vão viver sob o mesmo teto
Até casarem os filhos
Até casarem os filhos

Ele fala de cianureto

E ela sonha com formicida
Vão viver sob o mesmo teto
Até que alguém decida
Até que alguém decida

Ele tem um velho projeto

Ela tem um monte de estrias
Vão viver sob o mesmo teto
Até o fim dos dias
Até o fim dos dias

Ele às vezes cede um afeto

Ela só se despe no escuro
Vão viver sob o mesmo teto
Até um breve futuro
Até um breve futuro

Ela esquenta a papa do neto

E ele quase que fez fortuna
Vão viver sob o mesmo teto
Até que a morte os una
Até que a morte os una

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