quinta-feira, 31 de julho de 2014

CURTINDO A POESIA...

ELOGIO DA ALMA – Maria Braga Horta

Ando com a alma em êxtase, intangível,
ébria de sonho a andar pelos espaços
como a seguir a estrela inacessível
que não pude tocar, erguendo os braços.
E se eleva no azul. Com os embaraços
que o pensamento encontra, irredutível
lutou e enfim venceu, firmando os passos
na estrada do país quase impossível.
E quanto mais a sinto aproximada
das estrelas, dos deuses, dessa etérea
fusão universal que é Tudo e é Nada,
mais me constranjo e mais eu reconheço
que não vale esta humana e vil matéria,
de que é motora, o mais humilde preço

A LITERATURA DE VIOLANTE PIMENTEL...

COISAS DA VIDA...

POR CAUSA DE FUTEBOL   



(Por Violante Pimentel)


           Há dois tipos de torcedores de futebol: o torcedor controlado, sensato, que reconhece as falhas do seu time preferido e faz críticas quando ele joga mal, e o torcedor fanático, para quem o seu time é sempre o maioral, vença ou não vença. Esse tipo de torcedor  tem o pavio curto e reage a qualquer comentário negativo contra o seu time preferido. Não admite a mínima crítica. Mesmo que ele reconheça que, numa derrota, houve falha do time completo, ou de apenas um jogador,  ele morre e não diz, pra não “dar gosto” ao adversário.

Em Natal, os melhores times de futebol, com as maiores torcidas, são o América Futebol Clube e o ABC Futebol Clube. As duas torcidas são exaltadas e há torcedores fanáticos, dos dois times, que não conseguem conversar sem que a conversa termine numa discussão acirrada, por causa de algum jogo.

Alguns torcedores confusionistas já são conhecidos na cidade, tornando tenso qualquer ambiente onde eles se encontrem. 
Numa certa manhã de sábado, um fanático torcedor do América chegou a uma antiga barbearia da cidade, onde costumava cortar o cabelo e fazer a barba. Por coincidência, logo em seguida entrou um fanático e conhecido torcedor do ABC, que também era cliente da casa.

O velho barbeiro ficou nervoso quando viu os dois clientes chegarem ao mesmo tempo, pois ali já havia ocorrido sérias discussões entre os dois. Nenhum perdia a oportunidade de pilheriar e subestimar o time do adversário. Bastava um simples comentário sobre algum jogo desses dois times, e logo surgia entre eles uma violenta discussão.

Naquela manhã, para surpresa do velho barbeiro, os dois adversários se cumprimentaram cordialmente e foram logo atendidos pelos dois profissionais de que a casa dispunha.  

Para a tranquilidade de todos, fez-se um silêncio sepulcral. Nenhum dos dois clientes puxou assunto com ninguém. Até o velho barbeiro, que gostava muito de conversar, conseguiu controlar a língua e não abriu a boca. No íntimo, os dois profissionais não viam a hora de concluirem as suas tarefas, para que os dois homens briguentos se retirassem logo da barbearia, antes que houvesse algum aborrecimento. 

Os dois barbeiros terminaram, simultaneamente, o atendimento a esses dois clientes, adversários ferrenhos no futebol, e corria tudo na santa paz... 

De repente, o barbeiro que tinha na sua cadeira o fanático torcedor americano pegou a loção “pós–barba”, para passar na face do cliente. Ele recusou, dizendo em tom de gracejo:

- Amigo, não precisa colocar nenhum perfume, nenhuma loção “pós-barba”!  Minha mulher é uma jararaca e só quer um pé pra arengar. Quando ela me vir chegar em casa cheiroso, vai dizer, na minha cara, que eu estou voltando de um cabaré...

Na mesma hora, o outro barbeiro perguntou ao cliente abecedista:

- Posso colocar a loção "pós-barba” no senhor, doutor?

O cliente abecedista, ironicamente, respondeu em voz alta:

- Pode, amigo! Pode colocar bastante loção "pós-barba" no meu rosto! Eu quero chegar em casa bem cheiroso!!!  Graças a Deus, a minha mulher nunca foi em cabaré e não sabe nem que cheiro tem!!! Lembre-se que eu sou torcedor do ABC!!!

Esse foi o estopim da bomba!!! Os dois adversários se engalfinharam  numa briga feia, precisando que algumas pessoas viessem  apartá-los...

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O ESTATUTO DO HOMEM...

  Thiago de Mello
Os Estatutos do Homem(Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo. 
Artigo III 
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança. 
Artigo IV  
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu. 
        Parágrafo único: 
        O homem, confiará no homem
        como um menino confia em outro menino. 
Artigo V 
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa. 
Artigo VI 
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora. 
Artigo VII 
Por decreto irrevogável fica estabelecido 
o reinado permanente da justiça e da claridade, 
e a alegria será uma bandeira generosa 
para sempre desfraldada na alma do povo. 
Artigo VIII  
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor. 
Artigo IX  
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.  
Mas que sobretudo tenha 
sempre o quente sabor da ternura. 
Artigo X 
Fica permitido a qualquer  pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco. 
Artigo XI  
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama 
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã. 
Artigo XII  
Decreta-se que nada será obrigado 
nem proibido,
tudo será permitido, 
inclusive brincar com os rinocerontes 
e caminhar pelas tardes 
com uma imensa begônia na lapela. 
        Parágrafo único: 
        Só uma coisa fica proibida:
        amar sem amor. 
Artigo XIII  
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou. 
Artigo Final.  
Fica proibido o uso da palavra liberdade, 
a qual será suprimida dos dicionários 
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre 
o coração do homem.

OS CISNES...

OS CISNES (Júlio Salusse)

A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós, constantemente,
Um lago azul, sem ondas, sem espumas.

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos, indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia, um cisne morrerá por certo:
Quando chegar esse momento incerto
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne...

Foto: OS CISNES       (Júlio Salusse)

A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós, constantemente,
 Um lago azul, sem ondas, sem espumas.

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos, indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia, um cisne morrerá por certo:
Quando chegar esse momento incerto
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade, 
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne...

SOBRE A MULHER MADURA...

A MULHER MADURA 

O rosto da mulher madura entrou na moldura dos meus olhos. 

De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando a sua vez no balcão. 

Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a antevejo no espelho de uma joalheria. 

A mulher madura, com seu rosto denso e esculpido como o de uma atriz, tem qualquer coisa de Melina Mercuri ou de Annouke Aimé...

Há uma serenidade em seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosas.

A adolescente não sabe ainda os limites do seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muitos barulhos, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.

A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo de repouso da garça sobre o lago.

Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.

A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.

A adolescente, com o brilho dos seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia.

Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito.

A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesmo saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos.

Por isso suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril.

O corpo da mulher madura já tem história, inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como o da adolescência, uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.

Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complemente.

Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelados. Cada idade tem seu esplendor.
É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, de um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do seu próprio corpo.

A mulher madura está pronta para algo definitivo. Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena, à tarde, acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e as crianças a brincar.
A mulher madura tem esse ar de que , enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidade.

A mulher madura é um ser luminoso e repousante às 4h da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia.

Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados de gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman quando nos seus filmes...

Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar...

Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar...

(AFFONSO ROMANO DE SANT' ANA)

O SÁBIO...

O SÁBIO 

Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo, no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio.
O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros.
As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.
- Onde estão seus móveis? Perguntou o turista.
E o sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:
- E onde estão os seus...?
- Os meus?! Surpreendeu-se o turista.
- Mas estou aqui só de passagem!
- Eu também... - concluiu o sábio.

"A vida na Terra é somente uma passagem... No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e se esquecem de ser felizes."

"NÃO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL... SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA..."

(Prem Abodha)

terça-feira, 29 de julho de 2014

UMA CRÔNICA DE QUEM SAIU PARA VOTAR...


Praia do Francês

Gregório acordou-se, nove horas da manhã, se espreguiçou pensando seu roteiro do dia. Era domingo, segundo turno da eleição. Tomou banho, vestiu calça jean, camisa leve; nos trinques que nem matuto para votar. Tomou café com a esposa, depois rumou a Marechal Deodoro onde exerceria a sacro-santa cidadania, dar seu voto. É bom que se diga antes de prosseguir, Gregório é um homem decente, de só um defeito, uma doença, compulsão ao sexo feminino. Maluco por mulher.

Ao passar pela orla da Pajuçara, duas turistas em roupas de praia esperavam condução. Nosso amigo gentilmente parou o carro, ofereceu carona. Coincidência ou artimanha do destino, elas tinham o mesmo destino, praia do Francês em Marechal Deodoro. Entraram no carro. Eram paulistas, faixa etária entre 30 e 40 anos. Gisélia professora de música da USP e Catarina, engenheira ambiental.

Houve empatia imediata entre os três. Gregório se apresentou, trabalhava em Marechal Deodoro, ia votar. As moças, se assim pode chamá-las, estavam fascinadas com a beleza das praias, o azul do mar. Conheceram o Litoral Norte, agora o Litoral Sul. Ao atravessar a ponte sobre a Lagoa Mundaú, Gregório informou, entravam no velho município de Marechal Deodoro, 415 anos. Estavam na Ilha de Santa Rita, área de proteção ambiental, a maior ilha lacustre do Brasil. Catarina pediu para tirar algumas fotos, manguezais, lagoa, canais, coqueirais. Não conhecia no mundo uma beleza exuberante verde, cortada por tantas águas.

Antes da praia do Francês, Gregório sugeriu mostrar o Centro Histórico da cidade à beira da Lagoa Manguaba. As duas paulistas se encantaram com o Palácio Provincial, as construções barrocas, a casa onde nasceu Marechal Deodoro, as Igrejas, o Convento de Santa Maria Madalena, o Museu de Arte Sacra. Gregório aproveitou, rápido votou no Grupo Escolar. Certo momento nosso grande anfitrião atendeu o celular, era o chefe, ele disse estar com uma comissão de turismo de São Paulo, depois relataria com detalhes.

Afinal foram à praia do Francês, no estacionamento Gregório tirou por trás do pneu estepe, outro tipo de estepe, um velho calção de banho escondido para casos de emergências. Pegaram sombrinha e cadeira em frente ao mar. As paulistas ficaram apenas de tanga, o sangue de Gregório ferveu nas veias, pediu tira-gosto, peixe, ova, camarão, ostra, regado a cerveja gelada e bom uísque. O papo entre os três cada vez mais alegre, mais íntimo, já havia clima para uma boa tarde de amor. Gregório só não sabia a quem escolher.

Entraram na água límpida, transparente, viam os pés no fundo do mar, conversaram, sorriram, afinal a vida são momentos passageiros. Ao voltar à sombrinha, Gregório atendeu novamente o celular:

“- Querida, tudo bem, já votei, mas vou ficar na casa do chefe, aguardando a apuração. Só volto para casa depois do resultado para comemorar com você.”

As paulistas sorriram discretamente, Gregório propôs onde almoçar, havia uma série de bons restaurantes à beira da Lagoa no povoado da Massagueira, excelentes pratos de peixes e mariscos, entretanto, ele também gostava muito da comida de um restaurante rústico, da Maria Furadinha (levou sete facadas, daí o apelido) na Barra Nova, outro paraíso dentro de Marechal Deodoro.

Entraram na barraca armada. Maria Furadinha preparou dois tipos de prato de marisco e peixe, para ser justo e honesto, deveriam ser comidos de joelhos.

Em plena euforia, nosso amigo contava histórias e cantava. As meninas alegres, felizes, dia maravilhoso de céu azul. Certa hora Catarina, olhou nos olhos de Gregório, colocou o dedo em seus lábios, foi enfática.

“- Escuta aqui seu alagoano desavergonhado, somos adultos, queremos terminar bem nosso dia, é um dia especial para o Brasil, inesquecível para nós. Eu e Gisélia íamos disputá-lo na porrinha. Acontece que decidimos, por que não os três? Você dá conta de nós, seu cangaceiro da água salgada?”

Gregório se refez da surpresa, deu um beijo na boca de Catarina. Eram quatro horas da tarde quando pediram a suíte presidencial do motel, suíte 21. Beleza de conforto, piscina ao ar livre, pequeno jardim, todos ficaram à vontade, como vieram ao mundo. Para não fraquejar Gregório tomou discretamente uma pílula azul. Assistiram toda apuração pela televisão, saíram quando terminou o resultado. Em meia hora deixou as belas paulistas no hotel, viajavam na segunda de madrugada.

Nove da noite chegou em casa, Sandra, a esposa vibrava, nossos candidatos ganharam, vamos sair, tomar um vinho. Sem remorso Gregório beijou a mulher. Antes de dormir ainda conseguiu um terceiro turno caseiro.
Carlito Lima.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

SOBRE UM POLÍTICO DO PERNAMBUCO...

O HOMEM QUE FEZ
Tem um candidato em Recife
que, agora, é a bola da vez
pois, tudo que tem na cidade
foi o danado quem fez
É um poço de competência
com um currículo invejável.
Nós, aqui, damos um exemplo
dos feitos do prefeiturável:
Fez o Museu do Estado,
o Horto de Dois Irmãos,
o dique do cais do porto
e um campo de aviação
que hoje é o Aeroporto,
orgulho da população.
Numa jogada de mestre
mas, sem pegar num pincel,
participou da feitura
do Teatro de Santa Isabel.
do palácio das Princesas
lançou a pedra fundamental,
não participou o feitio
mas ajudou muito a Nassau.
Fez a Ponte Duarte Coelho
e também a da Boa Vista
devendo ter feito ainda
O Palácio da Justiça.
se não lhe atribuírem o fato
é uma tremenda injustiça.
Muito culto e animado,
convidou os escritores
de toda parte do estado
pra participar de uma retreta
e, num lampejo danado,
sem muita delonga ou mutreta
fundou a Academia
Pernambucana de Letras.
Ele já fez muita coisa
que hoje não está mais em pé
como a Ponte Giratória
perto lá do Chantecler,
onde só tinha rapariga e
pra acabar com as intrigas, 
numa atitude de fé, ele fez o INSS
e aposentou tudo que era mulher.
No Derby, bairro nobre, abastado,
onde é o QG da polícia,
já foi um grande mercado.
não é coisa fictícia.
Pois se enredando numa teia
o nosso feitor fez o prédio
e dizem que foi o Gouveia (Delmiro)
E em fortuitas escapadelas
para a cidade vizinha,
passando pelo caminho,
fez a Escola da Marinha e
em suas idas e vindas,
quando parou pra descansar
fez o Farol de Olinda.

A POESIA DE MILLOR FERNANDES...



Poesia Matemática
Millôr Fernandes

Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.

domingo, 27 de julho de 2014

SOBRE O CACHACEIRO...


CONVERSA DE CACHACEIRO
ISMAEL GAIÃO...

A vizinha lá de casa,
Que há poucos dias é crente,
Vive de me encher o saco
Mais do que qualquer parente.
- Se livre dos belzebus,
Meu filho, aceite Jesus!
Dando uma de mãezona.
Mas eu já embriagado
Respondo logo arretado:
- Ele não me adiciona!
Por que é que você bebe?
Me perguntou outro dia.
- Eu bebo porque é líquido
Se fosse sólido eu comia.
E ela com cara de espanto:
- E precisa beber tanto?
Eu respondi sem ofensa:
- Só bebo socialmente,
Mas eu tenho atualmente,
Vida social intensa.
Mas não bebo tanto assim
Como você quer dizer.
Bebo seis meses por ano
E passo seis sem beber.
- Deixe de ser descarado
Você vive embriagado
Não passa de um beberrão.
Mas não bebo doze meses,
Já lhe disse várias vezes:
Eu bebo um dia’outro não.
Bebado
 
- Você bebe todo dia
Inda me fala besteira.
Eu disse é mentira sua,
Só bebo em dias de feira.
Bebo de segunda a sexta.
No “sábo”, que não sou besta,
Vou pra feira de Condado.
No domingo o dia inteiro
Eu sou mais um cachaceiro
Lá na feira do mercado.
- Você bebe muito álcool,
Vive tombando na praça.
- Eu não bebo álcool, não!
Só quando não tem cachaça.
- Você é “bebo” nojento,
Cheira à cana, fedorento,
Seu “bebo” desmantelado!
E você é muito feia.
Eu vivo de cuca cheia,
Mas amanhã tô curado.
Você vai findar morrendo,
Pois tá bebendo demais.
Eu disse é engano seu
Porque eu não bebo mais.
- Você bebe pra lascar
E ainda quer me enrolar
Com essa barbaridade?
Eu disse: preste a atenção,
Porque não bebo mais não,
Bebo a mesma quantidade.
Por que é que você bebe
Se isso é tão esquisito?
Eu lhe respondi na bucha
- Bebo pra ficar bonito!
Quand’eu chego bom em casa
Minha mulher me arrasa,
Pois não me dá nem um grito.
Mas s’eu chego embriagado
Ela me olha de lado
E logo me diz: bonito!
Certa vez lhe perguntei
Já naquele cai não cai,
Quando a gente toma umas
Pra onde é que a cana vai?
- Pra que a gente se esmoreça
Vai do bucho pra cabeça,
Ela respondeu na hora.
Mas ouvindo o que ouvi,
Eu logo lhe respondi:
Não vai não, minha senhora!
Quando não estou em casa
E um amigo me procura
Minha mulher irritada
Já responde com bravura:
Se’le não está contigo
Deve estar com algum amigo,
Como toda vez que sai.
Tá nessa vida mundana
Só enchendo o cu de cana.
- É pra lá que a cana vai.

A POESIA DE BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.


          ERA UM CAMINHO SUTIL...
MAS TODO O VERDE ERA DE ESPERANÇAS...
TODO SUSURRO ERA DE GOZOS...
EU ERA FELIZ...

          REVISTEI A PALMA DA MINHA MÃO E SÓ EXISTIAM SONHOS...
NASCÍ UM POETA...
NUMA ESTAÇÃO DE AMOR...
NO PAÍS DA POESIA...
NO ESTADO DA GRAÇA...
DA CIDADE DO DEVANEIO...
TENHO UMA RUA E UM RIO,
O SANGUE QUENTE ,
O PEITO FRIO...
MINHA FERIDA SANGRA CIOS...

          QUEM  SERVIRIA MELHOR PARA FAZER VOAR ?
AS CORRENTES OU OS PÁSSAROS ?
E PARA ADOCICAR MINHA ALMA ?
O BRONZE OU O BEIJO ?
          COMO POSSO FAZER OUTRA AQUARELA ?
SE BEIJO COXAS BRANCAS E  PELOS PRETOS ?
          CAMINHO COMO UM ANJO NO INFINITO...
A MINHA COR É PÁLIDA,
O MEU GRITO É PÍFIO,
PISO NA CERTEZA,
CAIO NA POESIA,
A MINHA ALMA CANTA ,
MILHÕES DE SINFONIAS...

A POESIA DE OLAVO BILAC...


Nel mezzo del camin… (por Olavo Bilac)

“Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha…
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo… Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.”

sábado, 26 de julho de 2014

A VIDA COMO ELA É...



O CASAMENTO

Orlando casou-se cedo com Gilda, filha de um próspero fazendeiro lá para as bandas da Palmeira dos Índios. Dona Solange, a mãe, incentivou o casamento da filha aos 17 anos. Vivia um drama, o marido, Fernando, ainda moço, com câncer, tinha pouco tempo de vida. De fato, dois anos depois do casamento, Gilda perdeu o pai. Orlando tomou conta da fazenda, mostrou-se bom administrador. Embora engenheiro de profissão, soube cuidar de gado e cabra.

A família tem bom padrão de vida, Gilda teve duas filhas, mais duas mulheres na vida de Orlando. Ele tornou-se amigo de fé da ainda jovem sogra, parece irmã de Gilda.

BOEMIA

Bom marido, tem um pequeno defeito, tomar uísque com amigos aos sábados. Gilda nunca reclamou esse pequeno defeito, é compreensiva. Na verdade ela até gosta, ama essa “boemia”. Quando Orlando chega em casa na noite do sábado, entra com cuidado, toma banho, um pouco bêbado, deita-se na cama, a esposa está sempre de fina camisola; ele beija seus pés, alisa o corpo, uma pequena liturgia sensual, Gilda se acorda, se amam feitos dois animais. O sabido do Orlando, além de ter uma noitada com os amigos, em casa tem o amor de sua bonita mulher. Assim é sua leve boemia: tomar alguns uísques e bater papo inteligente sobre cinema, música e literatura, coisa que ele tanto gosta e não existe na fazenda. Orlando costuma se gabar, não precisa “pular a cerca”, ter amantes, ter namoradas, pois, tem excelente mulher em casa, que dá no couro e o satisfaz.

O BILHETE

Num belo sábado, havia um aniversário de 15 anos, Orlando se recusou a ir. Gilda foi com as meninas. Nosso herói bebeu com amigos na Barraca Pedra Virada até dar a hora de se recolher, mesmo sabendo que Gilda estava no aniversário. Ao entrar no quarto, surpreso, percebeu a mulher enrolada na cama, ar condicionado ligado. Orlando foi imediatamente ao banho, enxugou-se, meteu-se embaixo do lençol, iniciou o ritual sabatino, beijou os pés, alisou o corpo, sentiu um perfume diferente, meio bêbado continuou o embalo.




Nesse momento ela sentou-se abraçando-o, cochichou no ouvido: Que loucura! Que loucura! Orlando explodiu de emoção ao perceber que estava atracado com sua exuberante e gostosa sogra. Não havia mais condições de parar, de voltar. Nem eles queriam. Terminaram como se fossem meninos pela primeira vez. Depois da apoteose, deitados, pensavam: “Que loucura, e agora?”. Solange foi a primeira a falar: “Você leu o bilhete de Gilda?” Orlando levantou-se, caminhou até a porta onde estava pregado um papel bem visível: “Meu amor, mamãe chegou cansada, lhe dei nossa suíte. Faça um sacrifício, vá para o quarto de hóspede, ligue o ventilador. Quando eu chegar lhe acordo. Um beijo. Gilda”.

Quando Gilda chegou, Orlando estava dormindo no quarto de hóspede, roncava como um bodão feliz. Com carinho e cuidado ela acordou o marido, carícia na orelha, na face, beijou-o no rosto, na boca. Seu homem lhe amou como nunca.

FAMÍLIA UNIDA, PERMANECE UNIDA

No café da manhã, o casal tomava suco enquanto o café fervia. Apareceu Solange com um sorriso nos lábios, radiante, bonita, sensual. Deu um olá como se estivesse no sétimo céu. Gilda percebeu e perguntou: “Que alegria explícita e contagiante é essa, minha mãe?” Solange respondeu com um sorriso nos lábios: “Acho que sonhei com seu pai, menina!” Foi um alívio para Orlando que esperava certo constrangimento, não houve, pelo contrário, parecia que nada acontecera, ele se sentiu radiante, feliz, passaram o domingo na orla com as meninas. Orlando iniciou nova vida; quando aparece oportunidade, Solange, a boa sogra, tem vez. Falam as más línguas, os ocupados com a vida alheia, existe um pacto silencioso e feliz entre os três.

A MÚSICA DE VINICIUS DE MORAES E O MAESTRO FRANCIS HIME...





Sem Mais 


Adeus


Vinicius de 


Moraes


Vim, cheio de saudade
Cheio de coisas lindas pra dizer
Vim porque sentia
Que nada existia fora de você
Nem a poesia, amor
Na sua ausência quis me receber
Vim banhado em pranto
Eu te amo tanto
Vem, vem aos braços meus
Sem mais adeus
Oh, vem

POETAS POPULARES...



Eu não tenho confiançaEm cabra que tem verruga;
Cachorro da boca preta,
Terreno que pouco enxuga,
Comida que doido enjeita,
Casa que cigano aluga.
Pinto de Monteiro
É muito triste ser pobre
Pra mim é um mal perene
Trocando o “p” pelo “n”
É muito alegre ser nobre
Sendo pelo “c” é cobre
Cobre figurado é ouro
Botando o “t” fica touro
Como a carne e vendo a pele
O “T” sem o traço é “L”
Termino só sendo “Louro”!
Louro Batista

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A SÚMULA DA VIDA...






"Aos 3 anos
ela olha pra si mesma, e vê uma rainha.
Aos 8 anos
ela olha pra si mesma, e vê Cinderela.

Aos 15 anos
ela olha pra si mesma, vê uma bruxa e diz:
- "Mãe, eu não posso ir pra escola desse jeito!"
Aos 20 anos
ela olha pra si mesma, e se vê:
"muito gorda/muito magra, muito alta/muito baixa,
com cabelo muito liso/muito encaracolado",
mas decide que vai sair assim mesmo...
Aos 25 anos
ela olha pra si mesma e se vê:
"muito gorda/muito magra, muito alta/muito baixa,
com cabelo muito liso/muito encaracolado",
mas decide que agora não há tempo
para consertar essas coisas.
Então, sai assim mesmo...
Aos 30 anos
ela olha pra si mesma e se vê:
"muito gorda/muito magra, muito alta/muito baixa,
com cabelo muito liso/muito encaracolado", mas diz:
"sou uma boa pessoa" e sai mesmo assim...
Aos 35 anos
ela olha pra si mesma e se vê como é.
Sai e vai para onde ela bem entender...
Aos 40 anos
ela olha pra si mesma e se lembra de todas
pessoas que não podem mais se olhar no espelho.
Sai de casa e conquista o mundo...
Aos 50 anos
ela olha pra si mesma e vê sabedoria, risos, habilidades...
sai para o mundo e aproveita a vida...
Aos 60 anos
ela não se importa muito em olhar
pra si mesma.
Simplesmente põe um chapéu violeta
e vai se divertir com a vida...
... Talvez
devêssemos pôr o chapéu violeta mais cedo...!!"

quinta-feira, 24 de julho de 2014

UM ANO SEM DOMINGUINHOS...



          DOMINGUINHOS:
A SEMENTE QUE PRA NÓS LUIZ DEIXOU...

ADEUS ARIANO SUASSUNA...






QUANDO MORRE UM POETA NORDESTINO

POR HÉLIO CRISANTO...
Suassuna
Quando a morte fustiga um cantador
Uma ave tristonha já não canta,
Fica preso seu grito na garganta,
A viola se cala e sente a dor.
Enlutado com a morte, um trovador
Já não toca sequer uma canção
Na capela com pressa o sacristão
Puxa a corda chorando e bate o sino
Quando morre um poeta nordestino
Nasce um pé de saudade no sertão.

O POLÍTIICO , O BABÃO E O DOIDO...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.


          O POLÍTICO SE GABAVA QUE TINHA FEITO TUDO O QUE EXISTIA NA CIDADE...
         TÁ VENDO ESTE HOSPITAL, FOI EU QUEM  FIZ...
          O BABÃO DE OLHOS VIDRADOS NELE, RESPONDIA: EU SEI DOUTOR, SÓ QUEM TEM UMA AÇÃO DESTA É O SENHOR...
          TÁ VENDO ESTA ESTRADAS, TAMBÉM FOI EU QUE CONSEGUI OS RECURSOS...O DOIDO MUITO SÉRIO SOMENTE ESCUTAVA...
         O BABÃO COM FÁCIES DE EXTREMA ADORAÇÃO RESPONDIA:
SE NÃO FOSSE O SENHOR NÃO TERIA SAÍDO DO PAPEL...
         DEPOIS DA DÉCIMA REVELAÇÃO  O DOIDO NÃO SE CONTEVE E DISSE PARA O BABÃO:
          RAPAZ, É MELHOR TU SAIR DAÍ, SE NÃO ELE SOLTA UM PEIDO E DIZ QUE FOI VOCÊ...
   

quarta-feira, 23 de julho de 2014

A LITERATURA DE VIOLANTE PIMENTEL...II



"NA VIDA NADA ACONTECE POR ACASO...

UM DIA, UM RAPAZ POBRE QUE VENDIA MERCADORIAS DE PORTA EM PORTA PARA PAGAR SEUS ESTUDOS, VIU QUE LHE RESTAVA UMA SIMPLES MOEDA DE DEZ CENTAVOS. E TINHA FOME.
DECIDIU QUE PEDIRIA COMIDA NA PRÓXIMA CASA. PORÉM, SEUS NERVOS O TRAIRAM QUANDO UMA ENCANTADORA MULHER JOVEM LHE ABRIU A PORTA.
EM VEZ DE COMIDA, PEDIU UM COPO D' ÁGUA. A MULHER PERCEBEU QUE O JOVEM PARECIA FAMINTO E LHE DEU UM GRANDE COPO DE LEITE. ELE BEBEU DEVAGAR E DEPOIS LHE PERGUNTOU:
-QUANTO LHE DEVO?
-NÃO ME DEVES NADA! - RESPONDEU A JOVEM MULHER.
E CONTINUOU:
MINHA MÃE SEMPRE ME ENSINOU A NÃO ACEITAR PAGAMENTO POR UMA OFERTA CARIDOSA.
ELE DISSE:
-POIS TE AGRADEÇO DE TODO CORAÇÃO.
QUANDO HOWARD KELLY SAIU DAQUELA CASA, NÃO SÓ SE SENTIU MELHOR, MAS TAMBÉM SUA FÉ EM DEUS E NOS HOMENS FICOU MAIS FORTE.
ELE JÁ ESTAVA RESIGNADO A SE RENDER E DEIXAR TUDO.
ANOS DEPOIS, ESSA MULHER ADOECEU GRAVEMENTE. OS MÉDICOS LOCAIS ESTAVAM CONFUSOS. FINALMENTE, ENCAMINHARAM A PACIENTE À CIDADE GRANDE, E NO HOSPITAL CHAMARAM UM ESPECIALISTA PARA ESTUDAR SUA RARA ENFERMIDADE.
CHAMARAM O DR. HOWARD KELLY.
QUANDO ESCUTOU O NOME DO POVOADO DE ONDE ELA VIERA, UMA ESTRANHA LUZ ENCHEU SEUS OLHOS.
IMEDIATAMENTE, VESTIDO COM SUA BATA DE MÉDICO, FOI VER A PACIENTE. RECONHECEU, IMEDIATAMENTE, A MULHER.
DETERMINOU-SE A FAZER O MELHOR PARA SALVAR AQUELA VIDA.
PASSOU A DEDICAR ATENÇÃO ESPECIAL ÀQUELA PACIENTE. DEPOIS DE UMA DEMORADA LUTA PELA VIDA DA ENFERMA, GANHOU A BATALHA.
O DR. KELLY PEDIU À ADMINISTRAÇÃO DO HOSPITAL QUE LHE ENVIASSE A FATURA TOTAL DOS GASTOS, PARA APROVÁ-LA.
ELE A CONFERIU, DEPOIS ESCREVEU ALGO E MANDOU ENTREGÁ-LA NO QUARTO DA PACIENTE.
ELA TEVE MEDO DE ABRÍ-LA, PORQUE SABIA QUE LEVARIA O RESTO DA SUA VIDA PARA PAGAR TODOS OS GASTOS. MAS, FINALMENTE, ABRIU A FATURA E ALGO LHE CHAMOU A ATENÇÃO, POIS ESTAVA ESCRITO O SEGUINTE:
"TOTALMENTE PAGO, HÁ MUITOS ANOS, COM UM COPO DE LEITE".
ASSINADO: DR. HOWARD KELLY.
LÁGRIMAS DE ALEGRIA CORRERAM DOS OLHOS DA MULHER E SEU CORAÇÃO FELIZ REZOU ASSIM:
"GRAÇAS, MEU DEUS, PORQUE TEU AMOR SE MANIFESTOU NAS MÃOS E NOS CORAÇÕES HUMANOS."