quinta-feira, 6 de outubro de 2016

POESIA...


ÀS VEZES SE NÃO DURMO, O PENSAMENTO – Abade de Jazente



Às vezes se não durmo, o pensamento 
Deixando o corpo sobre a cama quente, 
Me leva mais ousado, que prudente, 
Dos astros a medir o movimento.
Peso, calculo, meço, e observo atento, 
Quantos globos encerra o Céu luzente: 
Contemplo os turbilhões, e finalmente 
Me transporto até sobre o firmamento.
Descartes lá descubro: e nesse espaço, 
Que existência só tem na fantasia, 
Também meus orbes risco, e mundos faço.
E eis que vem com mais certa geometria 
Uma pulga, e me morde no cachaço; 
Vou-me arranhar; e adeus filosofia.

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