sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

NA ENTRADA DO ANO...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.



          QUANDO O DIA AMANHECEU eu estava sozinho...era o primeiro dia do ano...
o meu sentimento era de saudades...
as minha perpectivas eram de adeus...
          Chega o novo ano e quer me depenar de mais duas coisas que me compõe...
          A minha TIA EULINA, minha também madrinha...
          Cecília, a minha querida cachorra...
          Fico triste, o mundo é um moinho, que tritura sonhos...
         O que gostamos de nós é arrebatado como se por uma ventania...não há compaixão...somente a perspetiva da morte já é uma dor lancinante...frusta-lhe... depena...destrói um pouco do nosso eu...
o nosso eu fica mais sofrido...triste...incompleto...
          O dia mais triste de um poeta é o dia que morre o seu cachorro...o seu amigo inseparável...
que lhe recebe diariamente no portão, durante anos...é solidário com você e a sua angustia enquanto vive...aprende também a sorrir de você...
          Já perdi a metade do povo do qual eu sou feito...foram substituídos pelos filhos, o neto?
          Ninguém substitui ninguém...
          cada coisa, na nossa emoção, por mais simples que seja, tem um valor grande dentro da gente...
          Entrei o ano triste, com a perspetivas de perder  a minha madrinha e o meu cachorro...
dois bens preciosos de um homem....
          A madrinha, um reliquat da sua infância, a madrinha de velas, que um dia seu pai e sua mãe chamou para ir a igreja de Nova Cruz, para inicia-lo na vida cristã...a sua primeira promessa do batismo...uma caixa de lembranças...um membro do seu corpo que nasceu no século passado...
          Cecília,minha querida cachorra, a sublimação que eu fiz para anestesiar a minha angústia...o meu whiskhie engarrafado, como diria Vinícius...meu pássaro branco, macio,solene, o meu mediador químico,que é a minha ponte,para eu fazer as sinapses, para enfrentar a vida e ser feliz...
          Clemencia ano novo...não roube de mim a metade de mim...

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