terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A PERSPECTIVA...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.


               Foi não foi tento reconstruir a vida...
               unir as suas duas pontas...
               o sorriso da infância com o ar de riso da terceira idade...
               a nascente com a foz...
               unir estrelas cintilantes com luz opaca, fugidias, neutras...

               Tento unir a foz e a nascente...
               Quando era nascente, a grande perspetiva da vida...
               Na foz, a grande  perspectiva é da morte...
               NO que era ágil, lépido e flutuante , a CLAUDICAÇÃO lenta das algias...
               O que era verde ao arroxeado do horizonte ofuscado, incolor, insípido...

              As vezes consigo temporariamente fazer esta emenda, mas ela é tênue,frágil, inconsistente:Ninguém volta ao que acabou...
               Àguas passadas não movem moinhos...o tempo pretérito jamais será futuro...
               Atrás de mim o oceano, a fonte,a nascente...na minha frente a foz, o cais,a estação da morte: o fim do caminho...

              Ontem céus estrelados, os sonhos, o verde da perspetiva...
              Atrás,o ocaso, a escuridão, um sol se pondo...
               Onde cultivei rosas la france, apenas cactos, os espinhos,o tédio, os olhos no chão...
               A voz perdendo a força, as peças falhando...
              Um sol perdendo o brilho...

               Bom tempo aquele que eu dava risadas...
              como era bom quando eu escutava risadas...
               Ainda se dá risadas ?
               Somente risadas sem graça.

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