De repente mergulho no passado...rebobino um filme complexo e antigo...tem trinta anos no mínimo.
Estou na cabeceira da mesa almoçando, e por um instante me envolve o sentimento do de já vú...
Estou sentado com as minhas três crianças, como antigamente:Brena a minha esquerda, BRENO E Bruno á minha direita e gracinha na sua prontidão sem fim, protegendo os filhos...
Volto-me para eles e pergunto: a que horas começa a aula do colégio Marista ?
eles voam, mas depois compreendem...
è que esta semana juntou os meus três filhos para o almoço...
Onde existiam três crianças, agora três doutores:Brena, advogada, defensora pública...
Breno,engenheiro elétrico...
Bruno, médico...Urologista...
Todos deixaram de ser crianças, com excessão de mim,que tenho regredido permanentemente na minha idade...no meu pensar...na minha emoção e no modo de tocar o mundo e as coisas...
Sei que um dia, esta criança que sou, VAI VIRAR RECÉM NASCIDO E SE DESTINARÁ AO CÉU...É O MISTÉRIO DA FÉ...
Sou uma ave...tenho a vocação das aves: trazer a cria debaixo das asas...isto os alimenta e me retroalimenta o eu profundo...
Os guerreiros precisam de um carinho, de um aconchego, de um silencio, da nossa falta de lógica...é a volta ao útero...é a nidação sem fim ...eterna, forte...sentimental...divina...
Não quero filhos no exterior...ninguém vive mais de uma vez...
Somente quando se vive sessenta anos se percebe a efemeridade da vida...
è muito pouco uma vida normal só ter setenta anos...é a maioria dos casos...
Depois, se o rosto é o mesmo, a fisionomia é diferente...
Se as mãos estão abertas, porém sem força...
Olhos lassos, a mania de ver a rua e trancar o portão, risadas sem risos...
Se agradecendo a esxistencia das funções vitais:engolir,urinar,respirar, etc...
O espírito está pronto, mas a carne é fraca...
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