terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A POESIA DE ANA LIMA PIMENTEL...



LYRA DE SAUDADES – Anna Lima



A meus irmãos
Oh! minha infancia, oh! quadra venturosa
Dos meus primeiros e risonhos dias!
Estrella radiante e fulgurosa
De santas alegrias!
Quantas saudades a minh’alma sente,
Meu juvenil e claro sol de amor,
Quando me quedo a recordar somente
O céo de Maio em flor!
Oh! vida já passada e deliciosa…
De minha lyra virginal agora;
Mereces a canção mais perfumosa
Vibrada á luz d’aurora.
Estancia encantadora e sorridente,
Flor divinal de candida esperança,
Eras pleno luar meigo e fulgente,
Meu tempo de creança!
Que lembranças suaves e propicias
Me commovem de manso o coração,
Ao relembrar as candidas caricias
D’um pequenino irmão.
Uma infinda alegria, ardente e louca,
Eu sinto ao recordar, nesta manhã,
Os sorrisos gentis da rosea bocca
De minha terna irmã,
Quadra de encantos e gazia chimeras,
Oh! aurora ditosa e pueril!…
Que adornavas de minhas primaveras
O puro céo de anil!
Acceita a minha estrophe colorida.
Casto idéal de amor e suavidade,
Grava-a em teu manto, como a flor sentida
De mystica saudade!
Açù – 1898.

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