sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

NAQUELE TEMPO...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL...



          No século passado, Zefa, a empregada da minha avó, Júlia Trigueiro, se acordava ás quatro horas da manhã, pegava o machado e ia cortar pedaços de lenha, para colocar no fogão de alvenaria e fazer o fogo, para fazer o café da manhã...cozinhava batata e inhame...
Como as coisas mudaram...no quintal da minha avó em Nova cruz, se plantava e se comia, da batata as ervas medicinais:hortelà, mastruzo, erva cidreira, além de uma grande horta...dava até chuchu...
          Se meu pai ressuscitasse e entrasse na minha casa, cairia para trás e morreria de novo...
          Veria ar condicionados ligados, mangueiras de água abertas para aguar canteiros, luzes acesas durante o dia....
          Na minha casa a manteiga era feita em casa, a partir da juntada da nata do leite...ficava gostosa, e gostosa era a borra da panela...
          Usávamos sabonete Gessy, pasta Kolinos,sabão Potiguar, Gillete blue blade...
          Chico Bacurau, o cabeceiro, carregava no lombo, vinte galões de água do  cacimbào de Paulo bezerra, de dois em dois dias...era água salobra, que deixava o cabelo duro...
          Cabelos se colocava no bobe com cerveja...Shampoo não existia...
          Não conhecia presunto...presunto era o nome genérico de uma comida boa...
          Nas bronquites, lambedor de angico com cumarú...para não ter gripe mamãe tomava lambedor de Jatobá...POIS Jatobá já tinha noventa anos e levantava como se fosse uma maromba, as rodas de um tróle...se gabava de tomar chá e lambedor de Jatobá...
          No Domingo era o dia da festa: se comia uma galinha caipira, com muita cabidela, que depois Vinicius de Moraes chamou de galinha ao molho pardo...
              Me lembro de Mendonça, o homem que transformava com o machado, troncos de árvores em cavaco, para serem usados como fogo para cozinhar... tinha tres convulsões ao dia, generalizadas...não tinha bujào a gás...
          A GELADEIRA era a querosene...era GELOMATIC...a carne era salgada e  era pendurada numa corda para secar...foi não foi, o Urubú carregava no bico uma manta...
          Não se tomava sucos, se tomava ponche...
refrigerantes: GUARANÁ ANTARTICA, somente quando se adoecia...ninguém tomava COCA_COLA...
          Amélia levava a trouxa de roupa para lavar no açude PAU BARRIGA...dentro da  roupa, mamãe colocava o lanche da lavadeira: meio kilo de carne seca e farinha...
          Os nossos sapatos eram feitos artesanalmente e sob medida, por PEDRO DE MÃE NANA...
          Apesar de sermos ricos, tínhamos uma vida simples...sem ostentação...
          Certa vez fui surpreendido com um carão pelo meu velho...
          Ia passando alguém com um carro zero Kilometro...uma Rural Wiliys...eu , em ato contínuo falei: PAPAI, FULANO ESTÁ É BEM, COMPROU UM CARRO ZERO!!!
          PAPAI RETRUCOU COM VÊEMENCIA: NUNCA DIGA QUE ALGUÉM ESTÁ BEM, POR QUE COMPROU UM CARRO ZERO...EU POSSO COMPRAR Á VISTA DEZ CARROS IGUAL A ESTE, MAS NÃO QUERO COMPRAR...
          REALMENTE,  a vida era mais simples, apesar das cheias do RIO CURIMATAÚ, que foi nào foi, molhava e destruia nossas mercadorias...
          MAS Á NOITE, SE COLOCAVAM CADEIRAS DE BALNÇO NA CALÇADA...SE PROSAVA, SE FOFOCAVA, E NA CIDADE SEM LUZ, O ESCURO FOSFORECIA  NOS NOSSOS OLHOS...SE VIA E SE COMTEMPLAVAM AS ESTRELAS...TODO DIA VÍAMOS O CRUZEIRO DO SUL...AS TRÊS MARIAS...A ESTRELA DALVA...e reSpondiamos  aos gentis BOA NOITE, dos transeuntes...eu me deitava com mais esperanças...A FAMÍLIA SENTAVA NA CALÇADA, CONVERSÁVAMOS, OUVÍAMOS CAUSOS, QUE TINHAM O OBJETIVO DE EDUCAR...
          FAZ MUITO TEMPO QUE NÃO COMTEMPLO AS ESTRELAS...
          NA CAPITAL...NO TIROL, NINGUÉM VÊ  NEM O CÉU NEM AS ESTRELAS, DAÍ CORAÇÕES MAIS TRISTES....
          POR ISSO, DE VEZ EM QUANDO, ALGUÉM SE MATA DE SOLIDÃO!!!

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